Por Reynaldo Rodrigues
O que foi considerado o maior crime socioambiental em área urbana do mundo, ocorrido em Maceió (AL), ganha destaque no documentário "Ainda Há Moradores Aqui", que será lançado no próximo dia 25 de fevereiro, às 19h, no Complexo Cultural do Teatro Deodoro, em Maceió. Com entrada gratuita, o filme traz depoimentos de diversos moradores afetados pela exploração descontrolada de sal-gema pela mineradora Braskem, que em 2018 causou o afundamento de bairros inteiros e impactou a vida de mais de 160 mil pessoas.
O longa-metragem, com 42 minutos de duração, apresenta entrevistas com lideranças comunitárias, pesquisadores, ambientalistas e autoridades, além de relatos de vítimas que compartilham os traumas e a incerteza sobre o futuro. Vanessa Santos, presidente da Cooperativa de Trabalho de Marisqueiras Mulheres Guerreiras, destaca os impactos econômicos e sociais: "A culpa é da Braskem por tudo que está acontecendo. Quem sofre é a gente". Ela alerta para a escassez de mariscos, atividade que sustenta milhares de famílias na região.
O filme que busca dar voz a essas pessoas, inicialmente será apresentado na região, mas com planejamento de exibição em cinemas de outros estados.
O diretor Tiago Rodrigues, gaúcho radicado em Brasília, explica que o documentário surgiu durante suas férias em Maceió, quando deparou com a pichação que inspirou o título do filme: "Ainda Há Moradores Aqui". Ele ressalta que o caso Braskem ainda é pouco conhecido pela maioria dos brasileiros. "Desconhecem a dimensão, a gravidade, as causas e consequências. E o pior é que quem conhece já começa a esquecer. O filme quer contribuir para impedir que isso aconteça", afirma.
Histórico da tragédia
O primeiro tremor de terra em Maceió foi registrado em 3 de março de 2018, marcando o início de uma série de eventos trágicos. O ápice foi o afundamento da Mina 18, resultado da extração descontrolada de sal-gema, mineral usado na indústria química. A atividade da Braskem causou o colapso do subsolo em diversos bairros, levando à remoção compulsória de milhares de famílias.
Para acompanhar a trajetória do filme, acesse o Instagram:@aindahamoradoresaqui.