Os palcos do Teatro Nacional irão ecoar, na próxima terça-feira (12), as vozes do cantor português Salvador Sobral e da cantora espanhola Sílvia Pérez Cruz. Os artistas chegaram no Brasil para uma turnê inédita no país. O primeiro show foi em Recife, e em seguida o show "Sílvia & Salvador” ocupará os palcos brasilienses, às 20h, na Sala Martins Pena. No dia seguinte (13), a apresentação segue para o Rio de Janeiro.
O espetáculo é fruto de uma amizade que se transformou em música. Sílvia e Salvador uniram suas vozes em um álbum que dá nome ao show, no qual celebram o universo de compositores que os inspiram e com quem compartilham afinidades criativas. No repertório, canções de Jorge Drexler, Luísa Sobral, Lau Noah e Dora Morelenbaum formam a espinha dorsal do projeto.
Com harmonias intensas, a formação instrumental promete ao espetáculo melodias intimistas e refinadas, interpretadas por Dario Barroso na guitarra, Sebastià Gris na guitarra, banjo e bandolim, e Marta Roma no violoncelo.
“A minha paixão é interpretar”
Mais do que cantar, Salvador Sobral busca viver cada canção com autenticidade. Em entrevista, o artista português revela que sua verdadeira paixão está na interpretação. Ele também destaca a conexão artística com Sílvia Pérez, marcada pela liberdade criativa e pelo improviso.
“Eu sou um cantor. Antes eu tinha vergonha de dizer que era cantor, eu dizia que era músico porque me parecia mais legítimo. Mas, antes de tudo, eu sou um intérprete, eu gosto de cantar canções, podem ser minhas ou de outros. Minha paixão verdadeira é interpretar e dar uma interpretação diferente a cada canção, honesta e real. O que eu digo não é muito diferente da filosofia da Sílvia, talvez por isso a gente esteja nessa colaboração, porque nos dois somos bastante convictos dessa forma muito humana e verdadeira de viver a música. Nós adoramos brincar e improvisar com essa liberdade na música” conta.
Em maio deste ano os cantores lançaram o disco. Salvador fala sobre sua admiração pela amiga, antes mesmo da formação da dupla.
“Eu já admirava a Sílvia desde que eu era um estudante de música, em 2012. A primeira vez que a ouvi, fiquei muito impactado com a música dela e a maneira como ela entrega. Ela só me conheceu mais tarde, quando me viu cantar em Lisboa. Mas a nossa união, primeiro, foi encomendada pelo Prêmio Goyas, que é como se fosse um globo de ouro espanhol. Sentimos uma conexão musical especial que tinha que ser explorada para além daquela gala, e aí fizemos um disco e estamos em turnê”, relata.
Caetano Veloso
Sobral conta que é a primeira vez que está em Brasília, e como está empolgado para viver o máximo de experiências na cidade. O cantor lembra da primeira vez que cantou com Caetano Veloso durante sua participação em um programa de TV.
“O diretor do show dizia ‘Com quem você gostaria de cantar na Eurovision?’. Aí respondi ‘Ah, se vamos ser utópicos, então o Caetano Veloso’. E aconteceu. Ele veio para Lisboa, cantou comigo, e foi bom porque nos conhecemos pessoalmente. Em meu primeiro show no Rio, fomos jantar na casa dele, e cantamos nossas canções. Foi uma das noites mais bonitas da minha vida” lembra.
Salvador foi finalista com a maior pontuação da história da competição Eurovision, e o primeiro português a vencer. Ele relata a importância do programa para sua carreira.
“Abriu-me todas as portas. Eu tinha pouco show, tinha um disco lançado, mas quase não tinha concertos. Então, eu fui um antes e outro depois desse festival. Com tudo que tem de bom, e de mau”, diz.
“Tempus Fugit”
O álbum “Sílvia & Salvador” se encerra com a faixa instrumental com vocalizações não cantadas em “Tempus Fugit (Plor per Palestina)”. Segundo o cantor, a música é uma expressão em solidariedade ao povo palestino.