Por: Mayariane Castro

Flores de todo o mundo

Trabalhos usam a técnica de aquarela | Foto: Alessandro Cândido/Watercolor on paper

Está aberta ao público, até sábado (14) , em Brasília, a edição brasileira da Worldwide Botanical Art Exhibition – Conectando Pessoas às Plantas por Meio da Arte Botânica Contemporânea". A exposição é parte de um evento internacional que ocorre simultaneamente em 25 países e celebra o Dia Internacional da Arte Botânica, comemorado em 18 de maio.

A mostra está instalada na Galeria de Arte da Casa Thomas Jefferson, localizada na 706/906 Sul, e apresenta obras feitas exclusivamente com a técnica da aquarela botânica. A entrada é gratuita. A iniciativa é da American Society for Botanical Artists (Asba), organização fundada em 1994 por Diane Bouchier. Com sede nos Estados Unidos, a Asba é uma entidade sem fins lucrativos que congrega atualmente mais de 1,7 mil membros individuais e 40 instituições em diferentes países. Seu objetivo é fomentar a prática da arte botânica em contextos contemporâneos e científicos.

No Brasil, os preparativos para a exposição começaram em 2023. O tema proposto para todos os países participantes foi “Diversidade de Plantas Cultivadas”. Cada nação formou um corpo de jurados independente para selecionar as obras. No caso brasileiro, 65 artistas submeteram trabalhos, dos quais uma parte foi escolhida para compor a exposição nacional. Além das obras em exibição física, 40 ilustrações brasileiras foram selecionadas para integrar um vídeo internacional com compilações de trabalhos dos 25 países envolvidos. Este vídeo está sendo exibido como parte da programação das exposições ao redor do mundo.

A curadoria brasileira foi formada por especialistas em arte e botânica: Andrea Costa, Dulce Nascimento, Cristina Maria Klas, Marcos Antônio dos Santos Silva-Ferraz, Miriam Kaelher, Paulo Labiak e Rosane Quintela. O critério para seleção das obras no Brasil focou em espécies botânicas nativas, incluindo híbridos naturais. Foram excluídas da mostra espécies exóticas naturalizadas ou híbridos artificiais, com o objetivo de destacar a flora autóctone e sua importância cultural e ambiental.

Três eixos

A exposição foi dividida em três eixos principais: culturas tradicionais, parentes selvagens de culturas e culturas antigas. A parte de culturas tradicionais incluem plantas cultivadas para alimentação, como arroz, milho, trigo, quinoa, batatas, tomates, pimentões e abóboras, além de bebidas como chá e café e especiarias como açafrão e baunilha. Também fazem parte plantas cultivadas para fins energéticos, medicinais, para vestuário e construção, como algodão, linho e linhaça.

Parentes selvagens de culturas são espécies vegetais relacionadas a culturas alimentares e utilitárias, colhidas na natureza e potencialmente úteis para hibridizações que visem aumentar a resistência ou agregar características às variedades comerciais. Exemplos dessa categoria incluem espécies selvagens de uvas, café, milheto, batata, tomate, girassol e arroz, além de alimentos nativos como coco, frutas silvestres e o limão-caviar.

Culturas antigas são cultivos com história de uso que remonta a centenas ou milhares de anos. Entre eles, estão variedades de sorgo, trigo, arroz, cevada e feijão-caupi. Esta categoria também abrange alimentos cultivados tradicionalmente por povos indígenas, como inhame (taro), milho, amaranto e abóbora.

Biodiversidade

A exposição visa destacar a biodiversidade das plantas cultivadas que acompanham a história humana, em contraponto à atual concentração de espécies na agricultura em larga escala. Ao retratar essa diversidade por meio da aquarela científica, a mostra busca conectar o público às relações entre natureza, cultura e ciência. A técnica da aquarela botânica exige precisão na representação das características morfológicas das plantas, sendo amplamente utilizada em estudos e pesquisas científicas. Por esse motivo, as obras selecionadas obedecem a critérios de detalhamento e rigor técnico, aproximando arte e ciência.

A exposição em Brasília também busca valorizar o patrimônio vegetal do Brasil, país com uma das maiores biodiversidades do planeta. Ao dar visibilidade a espécies nativas e suas aplicações alimentares, medicinais e industriais, o evento contribui para a preservação e o reconhecimento da flora brasileira. A Casa Thomas Jefferson, sede da exposição na capital federal, abriga regularmente mostras culturais e artísticas de caráter educativo. A instituição mantém parcerias com entidades internacionais voltadas ao ensino e à difusão cultural.