A Caixa Cultural Brasília recebe, entre os dias 12 e 15 de junho, a 13ª edição da “Paralelo 16º – Mostra de Dança Contemporânea”, evento que reúne espetáculos de companhias brasileiras e estrangeiras. Com direção geral de Vera Bicalho, da Quasar Cia. de Dança (GO) e curadoria de João Paulo Gross, do Ateliê do Gesto (GO), a mostra tem como proposta central apresentar produções que abordam temas como transformação, resistência, meio ambiente e ancestralidade, com foco na diversidade de corpos e linguagens.
A programação, distribuída ao longo de quatro dias, inclui apresentações de cinco espetáculos, além de uma oficina gratuita. As criações transitam por diferentes estilos de dança, com fusões entre técnicas africanas e contemporâneas, teatro físico, trilhas imersivas e elementos visuais. A proposta curatorial destaca a interdisciplinaridade como ferramenta de articulação entre artes cênicas, identidade e questões sociais.
Portas abertas
A abertura da mostra acontece no dia 12 de junho, às 20h, com duas apresentações: “Em Suas Marcas”, da Cia Afrocontemporânea Corpus Entre Mundos, e “Die Einen, Die Anderen”, fruto da colaboração entre a brasileira Cia Giradança e a alemã Cia Toula Limnaios. O espetáculo “Em Suas Marcas”, dirigido por Dilo Paulo e Lenna Siqueira, surgiu a partir de uma residência artística com o coreógrafo francês Devvron Noël. A obra utiliza a metáfora da corrida para refletir sobre a jornada humana, mesclando dança afrocontemporânea com referências à ancestralidade.
Na mesma noite, o espetáculo internacional “Die Einen, Die Anderen” apresenta um elenco de 14 performers que exploram o corpo como construção social e espaço de utopia. A montagem é inspirada nas conferências do filósofo Michel Foucault e utiliza recursos audiovisuais para discutir temas como eficiência, individualidade e resistência. Desde sua criação, em 2017, o trabalho circulou por diversas cidades do Brasil e da Europa.
No dia 13 de junho, às 20h, será apresentado “A Escultura”, criação de Adriano Guimarães com performance de Yara de Cunto e Giselle Rodrigues. Yara, artista com deficiência visual e 86 anos de idade, revisita momentos de sua trajetória de sete décadas na dança. O espetáculo propõe uma reflexão sobre o envelhecimento e a criação artística, questionando padrões corporais e etários na produção cultural. A montagem foi contemplada pelo Programa Funarte Retomada 2023.
No dia 14 de junho, também às 20h, o Ballet de Londrina apresenta o espetáculo “Graça”, primeiro trabalho da companhia dirigido por uma mulher coreógrafa. Morena Nascimento, ex-integrante da companhia alemã Tanztheater Wuppertal, assume a direção da montagem, que utiliza músicas de Gal Costa para abordar o feminino em sua multiplicidade. A obra trabalha contrastes tropicais e reflexões sobre vida, morte e pertencimento.
Encerrando a programação, no dia 15 de junho, às 19h, a Quasar Cia. de Dança leva ao palco o espetáculo “Menos da Metade”, criado por Henrique Rodovalho. A montagem utiliza o corpo dos bailarinos como representação simbólica do bioma Cerrado, tratando de questões relacionadas à devastação ambiental e à resistência ecológica. A obra integra as comemorações pelos 35 anos da companhia goiana.
Ensino
Além das apresentações, a mostra oferece uma oficina gratuita de dança afrocontemporânea, intitulada “Mergulho nas Raízes e na Transformação Corporal”, ministrada por Dilo Paulo e Lenna Siqueira. A atividade acontece no dia 17 de junho, das 19h às 21h, no Teatro da Caixa, e está voltada a pessoas interessadas em explorar movimentos corporais com base em técnicas africanas e contemporâneas. A participação não exige experiência prévia e as inscrições, limitadas a 25 vagas, podem ser feitas de 2 a 10 de junho por meio de formulário online, com divulgação dos selecionados no dia 13.
A Paralelo 16º é realizada pela Quasar Cia. de Dança, com produção da Bloco B Produções, patrocínio da Caixa e do governo federal. Desde sua criação, a mostra busca promover o intercâmbio entre artistas de diferentes regiões e linguagens, oferecendo ao público acesso a obras que articulam dança com debates contemporâneos.
O evento propõe a dança contemporânea como espaço para a construção de novos olhares sobre corpo, território e sociedade. Por meio da performance, os grupos participantes abordam temas como ancestralidade, envelhecimento, feminilidade e preservação ambiental. A curadoria reforça a intersecção entre práticas artísticas e urgências coletivas, destacando o corpo como agente de expressão crítica e transformação simbólica.
Com ênfase no cruzamento entre linguagens, a mostra oferece uma programação que vai além da exibição de coreografias, configurando-se como um espaço de diálogo entre artistas e público. Ao reunir trabalhos de diferentes origens e abordagens, a Paralelo 16º mantém seu foco na multiplicidade de narrativas e na circulação de ideias que interpelam questões sociais contemporâneas.