A música brasileira deve a Brasília o renascimento de um dos seus maiores nomes. Em 1971, Waldir Azevedo, uma das maiores referências do Choro, autor do clássico “Brasileirinho”, chegava na capital do país sofrendo de grande depressão. Ele tinha perdido uma filha em um acidente automobilístico. E tinha tido um acidente doméstico no qual perdera o pedaço de um dedo, o que atrapalhava a sua performance no cavaquinho.
Foi nesse estado de espírito que um dos maiores nomes da música brasileira chegou a Brasília, acompanhando uma filha cujo marido, funcionário do Banco Central, tinha sido transferido. E Brasília acabou transformando Waldir Azevedo. Ele amou a cidade, a que chamava de “Meu Pedacinho de Céu”.
E o autor de “Brasileirinho” acabou também transformando Brasília. As rodas de Choro que passou a promover na cidade são o embrião do Clube do Choro. Fizeram com que a cidade se tornasse um dos principais berços dessa fascinante música instrumental brasileira. Que vai ganhando cada vez mais destaque com o trabalho de Reco do Bandolim à frente do clube e da Escola Brasileira de Choro, Raphael Rabello.
Na última sexta-feira (16), o jornalista e músico Reco do Bandolim, que ainda toca seu instrumento no grupo Choro Livre, abriu a terceira temporada do Complexo Cultural do Choro. O projeto, que tem apoio cultural da Shell, promove diversas atividades, desde shows de artistas ligados ao gênro a cursos e palestras na escola Raphael Rabello e atividades em outros espaços da cidade.
Francis e Olívia
Com a presença de personalidades e autoridades da cidade, a abertura da nova temporada contou com show antológico do casal Francis e Olivia Hime. O espetáculo “Dois Franciscos” celebra a obra de Chico Buarque e de Francis – que não é Francisco no certidão, mas é assim chamado por amigos. Tanto músicas que os dois fizeram em parceria – como Passaredo – como canções que fizeram sozinhos ou com outros parceiros. Inclusive Francis em parceira com Olivia – os dois são casados há 58 anos.
A programação deste ano continuou na quarta-feira (21) com apresentação do Choro Livre com convidados no Clube do Choro. Foi o show “Choro Livre convida no Clube do Choro”, com a presença dos músicos Diana Mota, João Dias e Matheus Vilanova. No sábado (24), às 11h, haverá um ensaio aberto da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello no Parque da Cidade.
Piquenique Chorão
No mesmo sábado, haverá também o Piquenique Chorão, no Clube do Choro, com um o espetáculo infantil “Papo de Lixo”. A peça conta a história de seis bonecos que foram descartados no lixão: Invocado, Galalau, Pedante, Inhaca, Bizonha e Xôxo, que vivem em harmonia até a chegada da boneca Cheirosa. O espetáculo promove, com leveza e humor, reflexões sobre pertencimento, cuidado e amizade.
O objetivo do projeto é consolidar o Clube do Choro como centro cultural e educacional de referência no Distrito Federal. E promover o Choro como referência cultural brasileira. Recentemente, o gênero ganhou o status de Patrimônio Cultural do Brasil. E Reco agora busca o reconhecimento da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) como Patrimônio da Humanidade.