Por: Thamiris de Azevedo

Ferramenta da UnB avança no tratamento de doenças cerebrais

Equipamentos já estão em uso na UnB em Ceilândia | Foto: FCTS

O campus da Universidade de Brasília de Ceilândia avança na área de neurociência com a consolidação de um laboratório equipado com tecnologias de última geração dedicadas ao diagnóstico e tratamento das funções cerebrais.

O espaço reúne diversos equipamentos de ponta, entre eles máquinas de Estimulação Magnética Transcraniana (TMS), recebidos em outubro, que podem ser utilizados em tratamentos de transtorno de ansiedade, depressão crônica, dores neuropáticas, Parkinson ou reabilitação após AVC.

Em entrevista ao Correio da Manhã, o coordenador do laboratório, João Durigan, que também lidera o Núcleo de Excelência em Pesquisa em Reabilitação e Desempenho Funcional Humano, explica que a técnica é uma ferramenta precisa e promissora.

“A TMS é uma técnica não invasiva de neuromodulação que utiliza campos magnéticos de alta intensidade para induzir correntes elétricas focais no córtex cerebral. Isso permite estimular circuitos neurais específicos de forma controlada. Empregamos a TMS tanto para fins de diagnósticos quanto terapêuticos. Do ponto de vista diagnóstico, ela nos permite avaliar a integridade e a excitabilidade das vias corticoespinais e dos mecanismos de inibição e facilitação intracortical, o que é particularmente relevante em condições como a doença de Parkinson e em síndromes dolorosas crônicas. Já no contexto terapêutico, utilizamos protocolos de estimulação repetitiva (rTMS) capazes de modular a plasticidade sináptica e reorganizar redes neurais disfuncionais”, esclarece.

Ele adianta que, a partir de março de 2026, o tratamento será oferecido para a população. “Iniciaremos a aplicação dos protocolos terapêuticos, o que permitirá oferecer tratamentos baseados em evidências para a população em geral. As pessoas interessadas em participar das avaliações ou dos programas de tratamento poderão se candidatar diretamente pelo site da Faculdade de Ciências da Saúde e Tecnologia da UnB, onde serão detalhados os critérios de elegibilidade e os procedimentos de inscrição”, afirma.

Depressão

Ao Correio, o especialista detalha como os equipamentos são aplicados para o tratamento de depressão crônica.

“No campo da depressão, a TMS representa um avanço significativo porque atua diretamente nos circuitos cerebrais envolvidos na regulação do humor. Nós sabemos que pacientes com uma depressão resistente ao tratamento apresentam alterações na conectividade e na excitabilidade do córtex pré-frontal, especialmente no hemisfério esquerdo. A rTMS permitem modular esses circuitos, aumentando a atividade de áreas hipoativas, ou podendo reduzir a hiperexcitabilidade de regiões relacionadas aos sintomas depressivos. O grande diferencial desse tratamento é que se trata de uma intervenção não invasiva, com perfil de segurança elevado e indicada para casos isolados em que medicamentos e psicoterapia não produzem respostas adequadas”, explica Durigan.