Por Thamiris de Azevedo
Dentro de um lugar de luta, também há espaço para se reconectar. Entre corredores marcados por batalhas, o jardim do Hospital de Base do Distrito Federal abriga o Salão Rosa Solidário. Lá, cada corte, cor e gesto de cuidado devolvem mais que a aparência: resgatam autoestima, identidade, coragem e esperança.
"Não podemos mudar o destino de um paciente, mas conseguimos mudar essa trajetória. Doar amor, enxugar lágrima e provocar sorrisos. É isso que nós queremos", afirma Cleta Martins, voluntária há 20 anos da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Brasília.
O salão atende não apenas àqueles que enfrentam o câncer, mas qualquer pessoa internada em busca de tornar mais leve os dias difíceis.
"Percebemos que, principalmente para mulheres, essa elevação na autoestima é muito importante. Dá um brilho. Mas para os homens também. Eles ficam extremamente felizes quando descem aqui e fazem a barba. Vêm até o jardim do hospital como se fossem para uma barbearia na rua em um dia comum", conta.
Segundo a voluntária, em 2024 o salão realizou mais de sete mil atendimentos. São cerca de 20 por dia, somando os serviços feitos no próprio espaço e aqueles levados às enfermarias para atender pacientes que não conseguem se deslocar.
Fábrica de renovações
Dentro do hospital funciona também uma pequena fábrica de perucas. As peças, produzidas pelas voluntárias do projeto, são destinadas a mulheres e homens em tratamento contra o câncer.
Segundo Cleta, cerca de 250 unidades são entregues por ano, todas confeccionadas a partir de doações de cabelo.
Ela explica que são aceitas mechas a partir de 20 centímetros, desde que estejam presas, limpas e secas, independentemente de terem passado por química. Quem preferir, pode cortar o cabelo diretamente no hospital.
Giza Ornelas relata a alegria em ver o novo cabelo. "Me receberam com o maior carinho do mundo. Nunca recebi tanto carinho dentro deste hospital", diz ela, agradecida.
