Por: Thamiris de Azevedo

Todo dia será Dia do Indígena

Os bancos são uma das principais formas de arte indígena | Foto: Thamiris de Azevedo/Correio da Manhã

Começa hoje (10), a exposição “Bancos Indígenas do Brasil – Rituais” no centro político do Brasil, já que a capital federal foi temporariamente instalada em Belém enquanto ocorre a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

O acervo de artistas indígenas será instalado em três monumentos diferentes. Todos os bancos (assentos) expostos representam objetos utilizados em rituais dos povos originários. Neste primeiro dia, ocorre a inauguração com 54 bancos de 39 etnias diferentes no Memorial dos Povos Indígenas. Amanhã (11), acontece a abertura da exposição no Palácio do Itamary, com 142 bancos de 40 etnias diferentes e na quarta-feira (12), o Museu Nacional da República oferece a visitação para mais de 500 bancos de 51 etnias. Todas ficam até o dia 22 de fevereiro.

O Correio da Manhã foi conhecer os bancos da primeira exposição. Em entrevista à reportagem, o indígena Mayawari Mehinako Xingu, curador da exposição organizada pela Coleção BE, fala sobre a importância de enxergar a pessoa indígena como artista e, para além disso, reconhecer a arte indígena como elementos, também, da indústria da arte.

“Em cada inauguração, estarão presentes os curadores, artistas e caciques das etnias. A exposição está acontecendo agora por causa da COP 30. É um momento de movimento em Brasília, e nós queremos mostrar para esses visitantes que a arte indígena existe. Muitas pessoas brancas acham que a arte indígena não deve entrar para a indústria da arte, mas queremos lembrá-los que a comercialização também valoriza o artista. Existem artistas indígenas”, diz.

Os bancos indígenas expostos são de variadas cores, formatos e tamanhos. Segundo Mayawari, essa é a maior exposição de bancos que já aconteceu no Brasil e todos têm significados diferentes que só podem ser explicados pelo artista que fez, mas entre os povos é utilizado de diversas formas. Ele lembra que, também podem ser comercializados e comprados.

“Tem alguns que fazem bancos com referências da arte contemporânea e outros da arte ancestral. Cada povo tem sua maneira de usar. E é preciso lembrar que os bancos fazem parte do mercado nacional e internacional. Esses artistas também precisam de dinheiro para sua subsistência. Mais uma vez: precisamos divulgar a arte indígena”, afirma.

Memorial

Ao jornal, o diretor do Memorial Indígena, David Terena, na mesma linha de Xingu, ressalta a importância de reconhecer o artista indígena. Ele celebra a exposição e destaca a importância do Memorial dos Povos Indígenas para dar visibilidade para essas obras.

“Muita gente que é indígena não considera os índios como artistas. Na nossa avaliação todo o trabalho desses indígenas precisa ser reconhecido, porque nós temos várias etnias. Então, cada um tem a sua forma de trabalhar como artista. Muitos não foram às escolas, mas fazem trabalhos lindos. Este museu traz isso”, declara.