Por: Thamiris de Azevedo

Ferramenta alivia feridas de diabéticos

O tratamento com o Rapha evita amputações por feridas diabéticas | Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB

Por quase duas décadas, o laboratório de Engenharia Biomédica da Universidade de Brasília (UnB) foi o ambiente onde uma inovação foi concebida e desenvolvida: o equipamento Rapha, que combina fototerapia por luz LED e curativos de látex natural para tratar feridas crônicas em pacientes diabéticos, especialmente as do pé, uma das principais causas de amputações no Brasil.

Em entrevista à reportagem, o professor Mario Rosa, um dos pesquisadores envolvidos no desenvolvimento, explica sobre a união dos materiais.

“A emissão de luz une dois princípios terapêuticos validados, a fototerapia por led, que estimula a microcirculação além da oxigenação tecidual. Já o curativo de látex natural é um biomaterial brasileiro com propriedades angiogênicas, capaz de promover a formação de novos vasos sanguíneos. Essa combinação cria um ambiente de regeneração tecidual eficiente, acelerando a cicatrização de feridas complexas, especialmente as associadas ao pé diabético. O diferencial em relação a outros métodos está justamente na ação integrada entre o biomaterial ativo e a luz de led que potencializa a regeneração celular”, esclarece.

Aplicação

Rosa destaca que o protocolo de uso do equipamento é simples, acessível e de baixo custo, apresentando resultados clínicos relevantes em até 45 dias de tratamento. “A pessoa faz a limpeza da ferida, aplica a lâmina de látex, posiciona o emissor de LED por 30 minutos e mantém o curativo por 24 horas. Os testes indicaram que em até 45 dias de tratamento, dependendo da dimensão da lesão, cicatrizações ocorressem”, relata o pesquisador.

Segundo o especialista, após passar por todas as fases clínicas, com aprovação dos Comitês de Ética em Pesquisa e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, ambos vinculados ao Conselho Nacional de Saúde, o Rapha foi considerado seguro e eficaz. Já certificado pelo Inmetro, o projeto agora aguardo registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar sua comercialização e poder, eventualmente, ser incorporado ao SUS.

Para Mário Rosa, a nova tecnologia tem um importante impacto social. “O impacto é incalculável. O Brasil registra cerca de 50 mil amputações por ano decorrentes do pé diabético. O Equipamento Rapha representa a possibilidade real de reduzir esse número, oferecendo uma solução nacional, acessível e sustentável. Além disso demonstra a capacidade da universidade pública em gerar soluções importantes para a saúde da população”.