O jornalista Bartolomeu Rodrigues, que os amigos e colegas de profissão conhecem como Bartô, foi filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Como militante do partido, combateu a ditadura militar. Foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal. Na sexta-feira (24), após a sanção de lei que cria o Dia em Memória das Vítimas do Comunismo, Bartolomeu Rodrigues divulgou carta aberta em que comunica a sua decisão de deixar o Governo do Distrito Federal (GDF). O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), perde assim seu colaborador mais próximo.
“Não é apenas um ato político – é um imperativo ético ante a sanção de uma lei abjecta que institui uma data para celebrar a “memória das vítimas do comunismo” no DF”. Escreveu Bartô na carta aberta. “Esta tentativa de revisionismo nega nossa história, reabre feridas e cria fantasmas onde não existem, enquanto ignora cadáveres reais, como o do jornalista Vladimir Herzog, o Vlado, cujo assassinato {...} é lembrado justo neste mês de outubro. Há 50 anos, ele foi uma das milhares de vítimas de uma ditadura militar que, em nome do “anticomunismo”, institucionalizou a tortura como política de Estado”. Bartô lembrou também que no mesmo mês de outubro é lembrado o desaparecimento do líder estudantil Honestino Guimarães.
“Ver hoje o Distrito Federal, a capital da esperança sonhada por Juscelino (este também cassado de seus direitos políticos pela ditadura) adotar tal dispositivo é uma agressão à memória de JK”, conclui Bartô.
Bartolomeu conheceu e tornou-se amigo do governador do DF quando Ibaneis presidia a seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Quando a candidatura de Ibaneis começou a ser construída na onda de renovação política que marcou as eleições de 2018, Bartô uniu-se ao projeto. Como jornalista, imaginava-se que seria secretário de Comunicação (cargo que ficou com Weligton Moraes). Tornou-se secretário de Cultura. Em 2023, deixou a secretaria após composição política que levou para o cargo Claudio Abrantes (PSD). Bartô passou a ser, então, assessor de Assuntos Institucionais, cargo que deixa agora.