Por: Thamiris de Azevedo

Filme brasiliense em Cannes

Filme agora disputará festival de curtas em Cannes | Foto: Reprodução/Arquivo cedido

O Correio da Manhã publicou, em setembro, a premiação em Hollywood do filme dirigido pelo brasiliense Israel Córdova, gravado na região administrativa do Gama, no Distrito Federal. O curta-metragem “Além da Culpa” conquistou dois prêmios no Cine Pride Film Festival: melhor fotografia e o título Trailblazer, que reconhece artistas que promovem impacto significativo e inovação na mídia LGBTQIA+. Agora, Córdova anunciou que o filme foi selecionado como semifinalista no Cannes Indie Short Awards, que acontecerá em novembro.

Com duração de 20 minutos, a produção narra a história de Mauro, um fazendeiro do interior do Brasil. Após a morte do pai, ele se depara com uma liberdade inédita, algo que nunca teve coragem de explorar. Dividido entre a culpa e o desejo, Mauro enfrenta seus próprios medos para, pela primeira vez, se permitir encarar quem realmente é.

Em entrevista, Israel compartilha seu entusiamo em levar um filme com essa temática para o mundo.

“Eu carrego o sonho de filmes e personagens gays dentro das minhas produções. Obviamente, é algo que eu sou muito conectado. Acho tão importante a gente falar sobre a nossa comunidade em um lugar de pertencimento sem ter que sempre ouvir ou assistir de outros países. Precisamos falar do nosso cinema brasileiro e contemplar a nossa comunidade com a nossa língua. Precisamos mostrar o nosso jeito de viver”, afirma.

Arte

O Correio da Manhã também conversou com a diretora de arte do filme, Gabrielle Castro. Ela conta como a produção foi importante e desafiadora em sua carreira.
“É um filme extremamente estético. A arte foi muito importante para trazer essa profundidade no sentimentalismo das cenas bucólicas, em que o exterior era muito importante. A arte serviu como uma moldura do que já era natural, quando me conectei com as casas dos meus familiares na escolha das decorações e cores. Fiquei muito feliz com o resultado e de como agregamos com o nosso olhar para dar vida a esse filme lindo”, relata.

Ela explica que a intenção de sua direção foi com que pessoas das zonas rurais brasileiras se identificassem a partir das colocações visuais.

“É um filme que celebra o amor, o sexo e os dramas entre homens gays em um contexto machista. Mesmo sendo um filme esteticamente brasileiro, acredito que a narrativa tem agradado festivais internacionais porque conversa com várias pessoas que tem a própria liberdade colocada à prova por questões sociais. O filme não tenta encaixar os personagens como coitados. São pessoas reais, com sentimentos bagunçados e complexos, mas que amam. É um prazer ver que ele está alcançando a nossa proposta de mostrar a representatividade e o afeto.”, diz.