Na quinta-feira (2), o Partido Verde do Distrito Federal (PV), em parceria com a Fundação Verde Herbert Daniel, promoveu um debate na Câmara dos Deputados com lideranças políticas e especialistas para discutir os riscos ambientais, sociais e climáticos da possível instalação da Usina Termelétrica de Brasília (UTE Brasília).
A proposta vem sendo discutida desde 2024, ocasião em que o Correio da Manhã revelou que o processo ocorria de forma discreta, “por baixo dos panos”. Desde então, o empreendimento tem gerado controvérsias e enfrentado forte resistência popular, o que levou à suspensão da audiência pública após manifestações contrárias durante a sessão. Segundo a empresa responsável, Termo Norte, ainda não há nova data definida para a realização da audiência, etapa obrigatória para a continuidade do licenciamento ambiental.
Durante o encontro, foi destacado que o objetivo da reunião foi traçar estratégias de enfrentamento ao projeto da UTE Brasília e reforçar o compromisso do Partido Verde com uma matriz energética mais limpa, sustentável e socialmente justa. Também foi anunciado, durante o seminário, que o PV está disposto a acionar a Justiça, em parceria com a sociedade civil, caso o processo de licenciamento da usina avance.
Ao Correio, o deputado federal Reginaldo Veras (PV) afirmou que, em sua avaliação, o gás natural não pode ser considerado uma fonte de energia limpa, apesar de frequentemente ser tratado como tal.
“Considerando que o equipamento queima combustível fóssil, ainda que seja o gás, joga toneladas de gás carbônico na atmosfera. Pela lógica atual, não é uma fonte de energia limpa quando comparada a outras fontes existentes”, diz.
Jabuti
Veras avalia que a discussão sobre a UTE só está acontecendo por conta de uma alteração incluída na lei de privatização da Eletrobrás.
“Está totalmente relacionado a um jabuti que foi colocado na lei de privatização da Eletrobrás. A verdade é que a instalação de termelétrica só ocorria em grandes capitais, principalmente aqui no Centro-Oeste, onde chegassem gasodutos. Este não o caso de Goiânia e Brasília. Então, conseguiram incluir isso na lei de privatizações para ampliarem a possibilidade dessa instalação”, relata.
Reportagens anteriores publicadas pelo Correio da Manhã já haviam apontado que, além do projeto da UTE Brasília, está em discussão o Gasoduto Brasil Central, que prevê a ligação entre São Paulo e a capital federal. A Coluna Magnavita também já explicou que desde os anos 50 o Planalto Central é contemplado com fornecimento de energia elétrica suficiente para a capital funcionar. Ou seja, a UTE aqui não seria por um déficit energético. “Se jabuti não sobe em árvore, usina termelétrica não brota no Cerrado brasileiro do nada”, provoca o diretor de redação do Correio da Manhã, Claudio Magnavita.