O Correio da Manhã denunciou há algumas semanas que a Comunidade da Cerâmica, às margens do rio Melchior, não tem água potável, o que aumenta o risco de contaminação. Poços são abertos pelas pessoas, que captam água do rio poluído, levando riscos à sua saúde.
Na sessão desta quinta-feira (28), a presidente da CPI, deputada Paula Belmonte (Cidadania), anunciou que o problema anunciado pelo Correio irá acabar.
Paula Belmonte anunciou que a Comunidade da Cerâmica terá o abastecimento de água reestabelecido todas às segundas-feiras, após a conclusão da higienização da caixa d’água, processo que, segundo ela, já foi iniciado.
A reportagem denunciou, em junho, a falha de saneamento básico na comunidade que mora próxima ao rio Melchior. A apuração do jornal revelou que a única caixa d’água do local, que fica sob responsabilidade da Companhia de Água e Saneamento Básico (Caesb), desde que instalada, foi enchida uma única vez. Por consequência, a população ribeirinha estava consumindo a água poluída e inadequada para qualquer ingestão humana. Também foi verificado que as pessoas estavam adoecendo, o que pode ser resultado, segundo especialistas, deste consumo.
Termelétrica
O rio também está cogitado para resfriar as máquinas da UTE Brasília (Usina Termelétrica), caso seja implementada. Durante a sessão plenária, ocorreu a oitiva do professor Sérgio Kóide, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB). Em sua fala, o especialista alertou sobre a inconsistência no argumento da empresa responsável pela construção, Termo Norte, que afirma que irá captar a água poluída para devolvê-la mais limpa.
Segundo o professor, o projeto é contraditório, uma vez que, se há a possibilidade de devolver a água mais limpa, como se alegam, isso poderia ser feito em “circuito fechado”, reutilizando a água tratada sem despejar no rio.
“Se eles melhoram a qualidade da água e devolvem com a temperatura praticamente a mesma, por que não ‘recirculam’ essa água? Se eles captam tão pouco como dizem, e devolvem mais limpa, por que não captam só 10% e ficam reutilizando na refrigeração em um circuito fechado? Aí eles só precisam complementar a água que evaporou”, questiona.
A presidente da CPI também disse que pretende chamar novamente a empresa responsável pelo estudo técnico da UTE, Ambientare, para sanar dúvidas que ficaram depois da oitiva dos técnicos em julho.
Belmonte também informou que, durante visita técnica realizada em 22 de agosto ao Abatedouro Seara, que despeja efluentes no rio Melchior, foi identificado um novo crime ambiental. Segundo a parlamentar, há um grande vazamento de substâncias provenientes de maquinários diretamente no solo. Ela também afirmou que aguarda o laudo laboratorial da água coletada no local, mas já constatou a existência de nove poços artesianos perfurados pela empresa, cujas licenças ainda não foram apresentadas à CPI.