Por: Thamiris de Azevedo

Pedacinho do Pará em Brasília

Fotos misturam-se a aromas e outras experiências | Foto: Thamiris de Azevedo/Correio da Manhã

O Correio da Manhã foi visitar o pedacinho do Pará que chegou na capital federal. A exposição “Vetores-Vertentes: Fotógrafas do Pará”, que fica até o dia 2 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), traz um acervo de 170 obras de 11 fotógrafas paraenses, com produções que vão dos anos 1970 até os dias atuais. Mas a experiência não é apenas imagética, também contém obras interativas e sensoriais espalhadas nas galerias do local.

Em entrevista, a diretora artística da exposição, Sissa Aneleh, fala sobre o processo para o desenvolvimento na exposição. “Pensei a direção artística com a intenção de expandir a sensorialidade durante o percurso expositivo que permitisse uma experiência visual-aromática-interativa-imersiva, interligando núcleos fotográficos e espaços cenográficos da exposição. Fizemos composições aromáticas exclusivas para a exposição que levam os visitantes para os cheiros da Amazônia, além da instalação de banhos de cheiro em miniaturas vendidas por erveiras de lá”, conta.

À reportagem, ela releva que a mensagem principal é desenvolver a afetividade real pela Amazônia brasileira, buscando mergulhar o público na sensibilidade do olhar de mulheres artistas fotógrafas que mostram sua potência. A curadora também explica o nome da exposição.

“Vetores são os guias culturais e identidades amazônicas seculares que norteiam as temáticas que as artistas exploram na sua produção fotográfica. Vertentes são os tipos de fotografias que elas mais usam, como a documental, de viagem, encenada, fotoperformance, fotocolagem, fotografia conceitual, experimental, retrato e autorretrato. Por extensão, somam-se outras propostas fotográficas originais que tornam a fotografia híbrida, com desdobramentos em fotonovelas, jornais artísticos, completando-se em diálogos com as artes plásticas e o audiovisual”, esclarece.

Em resposta sobre a importância do Pará para a cultura brasileira, Sissa destaca a riqueza cultural e indentitária do Norte brasileiro. “O Estado do Pará e, por extensão, o Norte inteiro, possui inigualável riqueza cultural, indentitária e humana regionais. Para tanto, a Amazônia brasileira é a nossa maior riqueza e as artistas defendem sua preservação natural e humana. O país precisa reconhecer Belém do Pará, como importante região brasileira produtora de arte e de cultura brasileiras originais. A exposição é a escrita artística deste capítulo da história”, avalia.

Aneleh adianta para a reportagem que, no dia 10 de fevereiro de 2026, a exposição irá se instalar no CCBB do Rio de Janeiro.

Protagonismo feminino

“Eu quero apresentar as mulheres pela valorização da imagem do feminino nesta exposição e colocá-las no centro da cena. Elas elevam o universo feminino local e regional, reforçando o protagonismo das mulheres da região Norte do Brasil, sobretudo por representarem a nossa resistência matriarcal amazônica. Portanto, todas as artistas nos mostram a defesa de seu território estético, o registro fotográfico para a memória do feminino e a arte fotográfica afetiva que esta produção tem como grande diferencial da fotografia do país”, conclui.