Mais uma crítica surge à possibilidade de instalação de uma Usina Termelétrica (UTE) em Brasília. Agora, o empreendimento foi incluído no “Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde” desenvolvido pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na linha do apurado e revelado pelo Correio da Manhã, consta na descrição do mapa que o empreendimento incorre em poluição atmosférica, ameaça o assoreamento de recurso hídrico, possibilita contaminação ou intoxicação por substâncias nocivas, desmata e, além de tudo isso, ainda há irregularidade em suas autorizações.
À reportagem, o coordenador executivo do projeto da Fiocruz, Diogo Ferreira, explica que o mapa foi criado em 2008 e lançado em 2010 com o objetivo de sistematizar e dar visibilidade às situações em que empreendimentos econômicos ou políticas públicas impactam a saúde das populações e o equilíbrio ambiental de territórios brasileiros.
“Ao disponibilizar esses dados em uma plataforma aberta, é possível compreender o que está em disputa em cada caso, quem são os grupos envolvidos e quais os riscos e impactos socioambientais identificados”, explica. “Entre os conflitos mapeados está o da Usina Termelétrica de Brasília. O caso ilustra os dilemas da matriz energética brasileira, frequentemente orientada por interesses de grandes consumidores de energia, como setores da mineração, do agronegócio e, mais recentemente, da tecnologia, em detrimento da qualidade ambiental e da saúde das comunidades vizinhas”, afirma.
Repercussão
Ao Correio da Manhã, o gerente de transição energética do Instituto Internacional Arayara, John Wurdig, destaca a importância da inclusão do empreendimento na pesquisa.
“Mostra como esse grande escândalo tomou repercussão na grande mídia, chamando atenção da Fiocruz. É uma grande denúncia. Há muitos riscos e o mapa lista diversos empreendimentos de alto impacto ambiental”, comemora.
Em nota, a Termo Norte afirma que A UTE Brasília é um projeto conduzido com base em rigorosos critérios técnicos e legais, com objetivo de ampliar a segurança energética do Sistema Integrado Nacional e, principalmente, do Distrito Federal. Explica que o funcionamento é por meio do gás natural que, segundo a empresa, é a fonte fóssil de menor impacto ambiental, considerada inclusive, combustível de transição entre as fontes fósseis e renováveis.
“A localização da usina foi escolhida de forma estratégica, considerando a proximidade da Subestação Samambaia, da rodovia DF-180, do rio Melchior e da infraestrutura do gasoduto. Isso reduz a necessidade de grandes obras de infraestrutura e, consequentemente, os impactos ambientais”, diz.
A proposta da Termo Norte Energia para a construção da Usina Termelétrica (UTE) Brasília prevê a instalação de uma unidade geradora de 1.470 MW na área da Fazenda Guariroba, localizada entre as Regiões Administrativas de Samambaia e Recanto das Emas. Para viabilizar o empreendimento, também está prevista a construção do gasoduto Brasil Central, que ligará São Paulo a Brasília, sob responsabilidade da Transportadora de Gás Brasil Central.