O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, citou Brasília como uma das capitais “mais perigosas do mundo”, durante discurso em que ele anunciava uma intervenção federal, com a Guarda Nacional Americana, na cidade de Washington, capital do seu país.
Na comparação, Trump apresentou um gráfico que demonstraria que Washigton está pior que as cidades de Bagdá (capital do Iraque), Panamá (do Panamá), San José (Costa Rica), Bogotá (Colômbia), Cidade do México (México) e Lima (Peru). Em seguida, pergunta: “Vocês querem viver em um lugar assim? Eu acho que não”.
Não é a primeira vez que o presidente dos EUA elencou Brasília como uma zona de perigo. Em maio, foi emitido um comunicado alertando sobre riscos de sequestro e alto índice de criminalidade. Na ocasião, o documentou elencou quatro Regiões Administrativas: Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá.
O Correio da Manhã apurou que o comunicado continua, inclusive, até hoje no site oficial do governo “U.S Departament of State”.
“Não viaje para essas áreas por nenhum motivo” diz trecho.
Menor taxa
Segundo o gráfico apresentado por Trump, Brasília teria uma taxa de 13 homicídios a cada 100 mil habitantes. O número diverge do anunciado pela Secretaria de Segurança Pública do DF. Segundo os dados, em 2024 o Distrito alcançou os melhores indicadores de redução da violência dos últimos 48 anos, resultando em 6,9 por 100 mil habitantes.
O dado citado por Trump consta no “Atlas da Violência 2024”, mas é referente ao ano de 2022. Mesmo assim, a partir desse número, Brasília foi elencada como a segunda capital mais segura do país.
Sandro Avelar, secretário da Secretaria de Segurança Pública, destaca, ao jornal, que o número comprova que Brasília é mais segura que Washigton.
“O que o presidente Trump disse pode ser uma surpresa para muitos, mas é apenas a realidade dos números, baseada no índice mundialmente aceito de casos de homicídios a cada 100 mil habitantes. Em 2024, tivemos o menor número de homicídios de toda a série histórica do DF, o que nos aproxima dos números que nos aproxima de países europeus”, afirma.
O cientista político Isaac Jordão Sassi, aponta que a fala reforça uma estratégia já utilizada por Donald Trump, baseada na propagação de notícias falsas em contextos nos quais é improvável que essas informações sejam checadas imediatamente. Dessa forma, o discurso ganha força e acaba dominando o debate público como se fosse verdadeiro. O especialista ainda alerta para o impacto que esses dados falsos podem ter nos mecanismos de busca e nas informações absorvidas por sistemas de inteligência artificial, uma vez que, ao serem amplamente divulgadas, essas inverdades podem ser indexadas como fontes legítimas.