O Correio da Manhã noticiou em primeira mão, na semana passada, a possibilidade de realocação da Biblioteca Pública do Riacho Fundo I, informação posteriormente confirmada pela Administração Regional. Em resposta, o movimento “Biblioteca Fica” realizou uma manifestação reivindicando a permanência do equipamento cultural no local. Poucos dias depois, porém, a biblioteca foi oficialmente interditada pela Defesa Civil, que identificou uma série de irregularidades na estrutura do prédio.
Consta no Termo de Interdição, ao qual a reportagem teve acesso, que a estrutura apresenta riscos à integridade física de frequentadores e funcionários, incluindo possibilidade de choque elétrico devido a fiações expostas, além de perigos relacionados à marquise frontal.
Nos bastidores, profissionais da biblioteca denunciam o tratamento inadequado recebido no momento do fechamento do espaço. Segundo relatos, foi determinado apenas 20 minutos para que os funcionários retirem seus pertences pessoais. Uma fonte, que prefere não se identificar, afirma que a copa do local é equipada com utensílios comprados pelos próprios servidores, e parte desses bens permanece no espaço. O profissional também relata que os problemas estruturais são constantemente comunicados à Administração, mas que nunca houve interesse em saná-los.
População contra
Ana Diaz é universitária e frequentadora assídua do espaço. Ela relata ao Correio da Manhã que costuma utilizar a biblioteca com frequência para estudar com as amigas. Embora reconheça a necessidade de reformas na estrutura, ela se posiciona contra a realocação do espaço. “Domingo tenho concurso, e não tenho um lugar tranquilo para estudar”, queixa-se.
Bernabé Ayrala é morador do Riacho Fundo I há 23 anos. Ele também se manifesta contra a realocação e lamenta a interdição. “É desagradável a intervenção na biblioteca, não só porque me afeta pessoalmente, mas também é um abuso cometido contra um lugar histórico da região”, critica.
Há 34 anos em funcionamento, a biblioteca é a única da região administrativa. De acordo com dados fornecidos à reportagem, o acervo conta com mais de três mil livros, e o ponto de leitura possui mais de 8,7 mil pessoas cadastradas.
Em nota enviada ao jornal, a Administração Regional do Riacho Fundo I informa que a biblioteca permanecerá interditada até a conclusão das obras corretivas necessárias. O órgão destaca que está articulando medidas para viabilizar um espaço provisório. Ainda, a administração reforça a informação já dada, de que há um estudo em andamento para a possível realocação do espaço, mas nega qualquer intenção de instalar food trucks no local, como chegaram a dizer moradores da região.
