A seca chegou em Brasília e, junto dela, incêndios florestais já conhecidos pelos brasilienses. Na última terça-feira (29), dois profissionais da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) morreram enquanto combatiam um incêndio na Reserva Ecológica do órgão com um caminhão-pipa. O IBGE decretou luto de três dias após o ocorrido.
O Correio da Manhã conversou com o tenente Anderson Ventura, do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF). O especialista explica que o fenômeno da queimada é comum neste período. Segundo ele, entre os meses de julho e setembro, há um aumento abrupto de ocorrências.
“Isso acontece pelo seguinte: a cada dia que passa, ficamos mais longe da última chuva, que veio por volta de maio, e mais perto do verão. O que significa que a umidade relativa do ar baixa e a temperatura vai ficando mais alta. Essa é uma combinação que naturalmente vai proporcionar um ambiente mais fácil para ocorrer um incêndio na vegetação”, afirma.
O tenente revela que, no mesmo período do ano passado, o número de chamados somavam-se em mais de 100 por dia. Neste ano, nas últimas duas semanas, foram cerca de 785 ocorrências, uma média de 56 por dia.
Ventura alerta para a importância do contato imediato da população com os agentes de segurança ao identificarem início de incêndios.
"Por mais que o número de chamados possa parecer uma estatística ruim, na verdade ela não é. Isso significa um envolvimento maior da população, e reflete na diminuição da área queimada. O alerta que eu gostaria de deixar é que não deixem de ligar para o 193. O ideal é que o incêndio não se alastre e, para isso não acontecer, é necessária essa cultura de ligar. Não só para o bombeiro, mas para a polícia também”, destaca.
Previsão
Ao jornal, a meteorologista Andrea Ramos confirma a tendência de secura nos próximos meses.
“O mês de julho costuma ser mais frio. Chegou ao final. Estamos indo para agosto. A tendência é esquentar. Percebe-se aquele padrão de massa de ar quente seca atuando na região, o que favorece justamente esse aumento linear das temperaturas. Então, além de ter essa amplitude térmica com as temperaturas mais amenas na parte da manhã, ao longo do dia aquece e com baixa umidade. Isso também favorece essa tendência a incêndio, que já é característica do mês de agosto”, relata.
Problemas respiratórios
A Secretaria de Saúde (SES), por sua vez, alerta para os problemas respiratórios durante o período de seca. Em nota, aponta que os sintomas mais comuns nesse período são coriza nasal, espirros e secreção amarelada ou esverdeada, típicos de doenças como resfriado, rinite alérgica e sinusite bacteriana. Segundo a pasta, também são frequentes laringites, faringites, traqueítes e bronquites.