Por: Thamiris de Azevedo

DF fortalece combate ao tráfico de pessoas

Tráfico humano é um dos crimes mais lucrativos | Foto: Martine Perret/ONU

Após a operação que desarticulou, no Distrito Federal e em São Paulo, uma organização criminosa de tráfico internacional de mulheres, a Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus) anunciou um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Justiça para fortalecer as ações de enfrentamento ao tráfico de pessoas.

Com vigência de três anos, o documento prevê ações de prevenção, capacitação de profissionais, conscientização da sociedade, melhoria no atendimento às vítimas, além da sistematização de dados estatísticos sobre o crime. Segundo o órgão, em 2024, a pasta atendeu oito vítimas de tráfico com fins sexuais, e 20 pessoas que foram vítimas com a finalidade de trabalho análogo a escravidão.

Modus Operandi

"Em entrevista ao Correio da Manhã, Eliane Alves, gerente de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Apoio ao Migrante da Sejus, explica que esse tipo de crime é previsto no Código Penal e envolve práticas como remoção de órgãos, adoção ilegal, exploração sexual, trabalho análogo ao escravo e até servidão em casamentos.

“Geralmente, o aliciamento se caracteriza por uma falsa proposta vantajosa, geralmente de emprego. Os aliciadores abordam principalmente as pessoas em situação de vulnerabilidade. A pessoa expõe essa vulnerabilidade, por exemplo, nas redes sociais, e pela observação o aliciador avalia qual é a melhor oportunidade para oferecer algo a essa pessoa. É quando, infelizmente, ela cai nessa cilada por estar vulnerável e ter esperança de uma oportunidade melhor”, relata.

Ela destaca que, embora o tráfico de pessoas seja o terceiro crime mais rentável no mundo, perdendo apenas para tráfico de drogas e tráfico de armas, os dados não são específicos, porque muitas vezes esse crime é subnotificado.

“Por meio do acordo de cooperação, nós vamos poder ampliar muito as capacitações já oferecidas. Além disso, haverá uma troca de dados, tanto do Ministério da Justiça, quanto do GDF, para que a gente tenha dados mais concretos. Ou seja, uma estatística mais exata a respeito desse crime. Eu acho que é de suma importância coibir o tráfico de pessoas por meio da informação, do conhecimento, da sensibilização, da capacitação e da orientação. É importante ter uma rede bem forte e políticas bem definidas, para que as pessoas possam se prevenir”, avalia.

Investigação

Segundo a Polícia Federal, as investigações do grupo criminoso tiveram início em maio de 2024, quando foi indicado que o grupo aliciava mulheres brasileiras, especialmente com perfil de modelos, por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens. A apuração identificou a participação de pessoas, especialmente no DF, que auxiliavam no recrutamento e agenciamento das vítimas, inclusive organizando atendimentos na Europa.