Por: Thamiris de Azevedo

Escola não aceita ser removida com termelétrica

Com ou sem usina, escola não quer mudar de lugar | Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Após a suspensão da audiência pública sobre a Termelétrica Brasília, em 17 de junho, a direção da Escola Classe Guariroba, ameaçada pela instalação do empreendimento, protocolou ofício ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), órgão competente para ceder o licenciamento, que está em processo, manifestando-se contra a sua realocação.

No documento, a diretora, Nathália Pacheco, relata que a escola existe desde 1966 e é a única escola do campo próxima da comunidade, sendo a unidade mais próxima localizada a 10km. A carta destaca que, na última realocação, durante o ano de 2016 e 2017, foi registrado perda do rendimento escolar dos alunos.

“Neste contexto, as ações de licenciamento ambiental ou de implantação de empreendimentos devem considerar não apenas os aspectos físicos do solo, da água e da biodiversidade, mas também o tecido social e cultural que se formou em torno desta instituição” solicita.

Termo Norte

Em nota ao Correio da Manhã, a Termo Norte, responsável pela construção da usina, afirmou que, se for do interesse da população e houver aprovação do Ibama, a escola poderá permanecer no local. A empresa acrescentou que, neste caso, novos estudos serão realizados para respaldar a decisão.

“A sugestão de realocação foi motivada, prioritariamente, por potenciais transtornos temporários durante a fase de obras, e não por razões de viabilidade técnica do empreendimento”, esclarece.

Em reportagens anteriores do jornal, foi denunciado que, mesmo com a negativa da Secretaria de Educação do DF, o Correio da Manhã obteve documentos comprovando que houve, em junho do ano passado, uma reunião com a Termo Norte para tratar do tema. Pela primeira vez à reportagem, a empresa confirmou a reunião e destacou que, a princípio, a pasta não reconheceu impedimentos para a realocação, desde que fossem executadas medidas mitigadoras.

“Sim, a reunião mencionada ocorreu e contou com a participação de representantes da UTE Brasília e da Secretaria. Na ocasião, foi tratado o tema da possível realocação da Escola Classe Guariroba”, afirma.

Já o Ibama responde à reportagem que o ofício da escola será devidamente considerado pela equipe técnica, e ressalta que visitou o local no início de junho. Segundo o órgão, neste momento, não há tratativas para agendamento de uma nova audiência pública.