A 8ª reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Melchior recebeu, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), representantes da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do DF (Adasa) e da empresa Ambientare, responsável pela consultoria ambiental e pela elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Usina Termelétrica Brasília (UTE). Esta foi a última sessão do semestre. Os trabalhos da CPI serão retomados após o recesso, com uma visita técnica ao abatedouro da Seara, marcada para 7 de agosto.
Durante o evento, o presidente da Ambientare, Felipe Lavorato, apresentou os métodos técnicos utilizados pela empresa na elaboração do estudo ambiental encomendado pela Termo Norte, responsável pelo projeto da termelétrica. O documento identifica 24 impactos, quatro pontos positivos e propõe uma série de medidas para mitigar os efeitos adversos.
Segundo o especialista, o gás natural, comparado a outros combustíveis fósseis, é o mais limpo, embora não seja renovável. O representante da empresa também afirmou que as chaminés das caldeiras são altas para lançar os gases direto para a atmosfera e não prejudicar a saúde da população. Após a fala, o deputado Gabriel Magno (PT) rebateu ressaltando que não existe um gás mais limpo quando é sujo, e destacou que a emissão para a atmosfera não é um problema local, mas global.
Escola
Sobre a realocação da Escola Guariroba, a consultoria ambiental da UTE Brasília confirmou que a construção da UTE não será viável sem a realocação da escola que hoje funciona no terreno. A afirmação entra em contradição com o que foi dito pelo diretor da Termo Norte, Isaac Mizrahi, à Agência Infra. Na ocasião, ele declarou que, caso fosse do interesse da população, a escola poderia permanecer no local, com a promessa de melhorias na infraestrutura.
A presidente da CPI, Paula Belmonte (Cidadania), também questionou os quatro poços artesianos, elencados no EIA, para o uso do equipamento. A Ambientare respondeu que é uma medida conservadora, com uso previsto apenas em situações de necessidade. Para a deputada, a inclusão dos poços reforça que o rio não tem vazão por si só para alimentar o empreendimento.
Adasa
Respondendo ao questionamento da presidente da CPI, a Adasa esclareceu sobre as outorgas concedidas para o uso da água do rio Melchior pela termelétrica. Gustavo Caneiro, superintendente de Recursos Hídricos, explicou que a proposta apresentada está em conformidade com a legislação ambiental e corresponde a apenas 0,2% da vazão disponível no ponto de captação do rio. As ourtogas estão suspensas por decisão judicial do Tribunal de Justiça do DF.