É o passado em união com o futuro. Pesquisadores da Universidade Católica de Brasília e lideranças índigenas apresentaram, na última quinta-feira (15), o projeto “Lab Metaverse UCB: o futuro é ancestral”. Durante o evento, foi exibido um filme imersivo em realidade virtual 360º que busca mostrar ensinamentos do povo Yawanawá da aldeia Mutum.
Os participantes experimentaram, por meio de óculos de realidade virtual, a narrativa que entrelaça espiritualidade, floresta e cultura ancestral. A obra é fruto de um trabalho coletivo que une linguagens digitais, saberes tradicionais e inovação tecnológica.
O filme foi dirigido em parceria com as lideranças indígenas locais, e representa o primeiro passo de uma série de produções previstas pelo laboratório. Rafael Andreoni, diretor do filme, destaca que projetos como esse podem contribuir para que a inteligência dos povos originários seja espalhada.
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Ao Correio da Manhã a professora Florece Dravet, coordenadora do projeto, conta que a ideia partiu dos seus estudos sobre mitologias e conhecimentos ancestrais.
“Há dois anos, eu comecei a me aprofundar em mitologias indígenas e a perceber que esses mitos ainda estão vivos na cultura. Enquanto os mitos gregos, os mitos nórdicos e outras mitologias são coisas do passado, os mitos indígenas estão vivos na cultura brasileira”, explica.
Para Drevet, a tecnologia do metaverso pode servir a várias finalidades. “O metaverso é um simulador de mundos, na verdade, é um criador de mundos. Você pode criar mundos fictícios fantásticos e futuristas. Aí, nós achamos interessante usar essa tecnologia porque o nosso foco está na pedagogia, numa proposta para a educação. Pretendemos criar uma consciência e contribuir para a educação das pessoas, no sentido de conhecerem melhor a sua própria cultura. As culturas indígenas fazem parte da realidade brasileira, elas precisam ser conhecidas e precisam ser tratadas melhor. Os indígenas precisam, e querem, visibilidade para transmitir suas mensagens. Eles querem que conheçamos aquilo que eles têm para contribuir com a sociedade” pontua a professora.
“Eu vejo que as tecnologias são, sim, parte da nossa vida. Precisamos começar a considerá-la de uma forma pedagógica, crítica e transformadora”, continua.