Por: Thamiris de Azevedo

Escola tenta sobreviver a termelétrica

Alunos e professores abraçaram a escola ameaçada pela termelétrica | Foto: Newton Vieira

Diante dos avanços da tentativa de se construir uma usina termelétrica no Distrito Federal, a comunidade escolar da Escola Classe Guariroba fez um ato de protesto na última sexta-feira (9). A escola é uma das maiores vítimas do empreendimento, porque a usina seria construída em parte no seu terreno, na área rural da Região Administrativa de Samambaia. Trata-se da única escola de campo da região de Samambaia. No ato, alunos e professores uniram-se em círculo e abraçam a escola como protesto ao projeto que prevê o fechamento da unidade.

A ação fechou a “Semana do campo” promovida pelo projeto pedagógico da escola. Em entrevista ao Correio da Manhã, a diretora, Nathália Pacheco, explica que o objetivo é fortalecer a identidade da única escola do campo de Samambaia e debater suas demandas.

“Este ano, nosso foco principal é a questão do meio ambiente e sustentabilidade. Assim, discutimos também as questões da poluição do Rio Melchior e a intenção de instalarem uma UTE em Brasília. Queremos formar cidadãos conscientes, capazes de transformar a realidade da sua comunidade e de contribuir para o desenvolvimento sustentável das áreas rurais”, afirma.

Termelétrica

A diretora conta que a Escola Guariroba existe desde 1963. Em 2018, ela foi realocada em um novo prédio para dar espaço a construção do Aterro Sanitário de Brasília. A unidade é, portanto, nova. Recentemente, segundo Pacheco, foram realizadas diversas obras internas como cobertura da quadra, parquinho, espaço de convivência e outros.

Nathália lamenta que, novamente, a escola possa ser fechada ou realocada por causa de um empreendimento. Para ela, a educação não tem sido tratada como a prioridade, o que contradiz a Constituição Federal. Ela também conta que, quando os alunos foram realocados para a construção do aterro, houve uma queda expressiva no desempenho escolar.

“Quando a escola foi desativada para a construção do aterro houve uma queda expressiva no desempenho dos alunos, além das dificuldades de adaptação em um novo ambiente escolar. Posso afirmar com convicção que decisões como essa prejudicam gravemente a qualidade da educação”, avalia.

Em nota ao Correio da Manhã, a Secretaria de Educação do DF afirma que não há previsão de fechamento ou mudança da escola. Entretanto, a interdição da escola está no projeto público da empresa responsável, Termo Norte, e apuração do Correio da Manhã encontrou documento que revela que em 2024 houve uma reunião com a Pasta para tratar o tema.

Atualmente, a unidade escolar acolhe 350 estudantes da Educação Infantil até o 5º ano do Ensino Fundamental. Entre eles,102 frequentam o ensino em tempo integral.