Por Mateus Lincoln
Com a sanção da Lei 15.100/25, que proíbe o uso de celulares em instituições de ensino em todo o Brasil, a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) aguarda a publicação no Diário Oficial da União e a regulamentação pelo Ministério da Educação (MEC) para avaliar e implementar as novas diretrizes.
A reportagem do Correio da Manhã conversou com gestores de escolas públicas e particulares do DF para compreender as expectativas para a regulamentação.
Rede Pública
Lafaiete Formiga, diretor do Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Cemi), no Gama (DF), apoia a nova lei.
"Os alunos precisam se desligar um pouco do mundo virtual e prestar mais atenção ao mundo real. Buscar se conectar com os amigos no tête-à-tête", afirmou.
O Cemi já utiliza ferramentas digitais, como o aplicativo Kahoot!, para tornar as aulas mais dinâmicas. Segundo Lafaiete, a escola está organizando reuniões internas para alinhar o Ensino Técnico às diretrizes da nova legislação.
Mesmo antes da nova lei, a escola já tinha medidas para controlar o uso de aparelhos digitais. "Adotamos caixas para que os alunos guardassem os aparelhos no início de cada aula, devolvendo-os ao final ou conforme orientação do professor", explicou o diretor.
Rede Privada
Já Ênio César, coordenador pedagógico do Ensino Médio do Colégio Presbiteriano Mackenzie de Brasília (CPMB), destacou que a nova lei traz desafios além da proibição em si.
"O celular tornou-se uma extensão do corpo, e sua ausência pode impactar especialmente os jovens, que muitas vezes desenvolvem uma relação de dependência com a tecnologia", afirmou.
No CPMB, dispositivos eletrônicos também são usados de forma pedagógica, como na criação de jogos interativos com QR Codes e no uso de aplicativos educacionais. "A tecnologia pode ser positiva, mas o desafio é equilibrar o uso consciente e evitar dispersões", explicou Ênio.
Ele defende que a aplicação da lei exige esforço conjunto de escola, família e sociedade, com diálogo e conscientização sobre o uso responsável de dispositivos.
Como a SEEDF está se preparando
A secretária de Estado de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, destaca que, além da legislação para restringir o uso de celulares em sala de aula, é fundamental dialogar com os estudantes para que compreendam os motivos dessa proibição.
"Não basta uma lei apenas para proibir. É importante conversar com os estudantes, explicar que o excesso de tela pode fazer mal, especialmente dentro de um ambiente escolar onde a socialização é essencial para o processo de ensino e aprendizagem", afirma.
A gestora acrescenta que muitos jovens acabam usando o recreio em grupos de WhatsApp, deixando de interagir com os colegas ao redor. "Precisamos mostrar a eles que essa medida é um benefício, para que possam aproveitar o ambiente escolar e aprender melhor”, destaca Hélvia.