O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil. A doença é a segunda causa de morte no país. Diante deste quadro, o Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (22), em Brasília, um auxílio exclusivo para custear o transporte, a alimentação e a hospedagem de pacientes que precisam fazer radioterapia. A medida faz parte do programa ‘Agora Tem Especialistas’. Segundo a pasta, o tratamento de radioterapia é indicado em 60% dos casos oncológicos e 40% dos pacientes do SUS precisam buscar atendimento fora da sua região de saúde. Além disso, o tratamento exige medicamentos de tecnologia avançada de alto custo.
O auxílio anunciado pelo ministério funcionará da seguinte forma: tanto o paciente quanto o acompanhante terão direito a R$ 150,00 para o transporte e R$ 150,00 para alimentação e hospedagem. A assistência tem o objetivo de reduzir o abandono e os atrasos no tratamento, oferecendo alívio financeiro às famílias. Além disso, busca diminuir a desigualdade geográfica, especialmente para pacientes que vivem em áreas rurais ou de difícil acesso.
Em média, um paciente se desloca 144,6 km para poder fazer o tratamento, o que equivale a 2 horas e 30 minutos de viagem. O secretário de Atenção Especializada à Saúde, Mozart Salles, frisou a importância da medida e citou que o auxílio será uma oportunidade para os pacientes terem acesso ao tratamento de forma digna e humanizada. “A gente escreve um capítulo muito importante na história do SUS. Eu tenho certeza que muitas vidas serão salvas”, afirmou.
Setor privado
Outra iniciativa anunciada pela pasta é a criação da Assistência Farmacêutica Oncológica, que assegurará o custeio federal de medicamentos utilizados no tratamento do câncer. A ideia é priorizar a compra de medicamentos mais modernos, especialmente os que são usados no tratamento do câncer de mama.
De acordo com o Ministério da Saúde, a centralização da compra desses medicamentos pela União pode reduzir os custos em até 60%. Na gestão atual, o Ministério aumentou em 60% os investimentos destinados à compra de remédios oncológicos. Em 2022, o orçamento era de R$3 bilhões; em 2024, esse valor subiu para R$4,8 bilhões.
Para ampliar ainda mais o acesso à radioterapia no país, o programa também está mobilizando o setor privado, fortalecendo o modelo de Parceria Público-Privada. Com isso, hospitais e clínicas privadas — com ou sem fins lucrativos — poderão oferecer seus serviços aos pacientes do SUS.
Durante três anos, será obrigatório destinar pelo menos 30% da capacidade instalada desses estabelecimentos à rede pública. Segundo o Ministério, a iniciativa contribui para reduzir desigualdades e aumentar as chances de cura em menos tempo, especialmente porque esses locais privados geralmente dispõem de tecnologias mais avançadas.
“Estamos seguindo as diretrizes fundamentais do programa ‘Agora Tem Especialistas’. Primeiro, é mobilizar a rede pública e privada. Não tem como consolidar uma maior rede pública sem atrair a estrutura privada que existe no Brasil hoje no tratamento ao câncer. Os equipamentos e boa parte dos profissionais estão concentrados nessa estrutura privada. Essa integração é fundamental”, afirmou o Ministro Alexandre Padilha.