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Cefaleia na gravidez pode indicar alerta, diz médico

Embora muitas mulheres relatem dores de cabeça durante a gestação, a enxaqueca nesse período não deve ser encarada como algo trivial. Um estudo publicado no The Journal of Headache and Pain em 2023 revelou que cerca de 35% das gestantes apresentam episódios de enxaqueca, principalmente no primeiro trimestre. O número preocupa especialistas, que alertam para a necessidade de atenção aos sinais do corpo.

Para o médico intensivista e médico da dor Dr. Felipe Brambilla, é essencial diferenciar uma dor de cabeça comum de uma cefaleia com potencial de gravidade. "Nem toda dor de cabeça na gravidez é inofensiva. Se for intensa, unilateral, contínua ou diferente do que a mulher costuma sentir, deve ser investigada. Pode ser um sinal precoce de condições graves, como a pré-eclâmpsia", afirma.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a pré-eclâmpsia afeta entre 5% e 8% das gestações no Brasil e está entre as principais causas de complicações maternas e fetais. A cefaleia pode ser um dos primeiros sintomas da alteração da pressão arterial associada à síndrome, o que exige atenção imediata.

Segundo Brambilla, mulheres que já convivem com enxaqueca antes da gestação costumam apresentar melhora a partir do segundo trimestre, devido à estabilização hormonal. No entanto, isso não significa que o acompanhamento possa ser interrompido. "Mesmo com melhora espontânea em algumas fases da gestação, o monitoramento contínuo é fundamental. O uso de medicamentos também precisa ser avaliado com muito cuidado, pois muitos deles não são indicados durante a gravidez", orienta.