Avança no Senado Federal o Projeto de Lei 2.985/2023, que impõe regras mais rígidas à publicidade de apostas de quota fixa — conhecidas como "bets". Um dos pontos centrais da proposta é a proibição do uso de personalidades públicas, como influenciadores, atletas, artistas e comunicadores, em campanhas promocionais dessas plataformas. O texto segue agora para a Câmara dos Deputados.
O projeto foi aprovado com apoio quase unânime entre senadores da base governista e da oposição, refletindo uma preocupação crescente com os impactos sociais das apostas, especialmente sobre jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade.
A nova legislação promete impacto direto no mercado de marketing de influência, usado por casas de apostas para atrair novos apostadores. Para Maria Priscila Nabozni, CEO da Mundo Mapping, plataforma de gestão de influenciadores, o projeto busca corrigir um vazio regulatório que favorecia práticas de risco social.
"Influenciadores são o principal canal de comunicação com os jovens. Quando divulgam apostas sem responsabilidade, o risco é enorme. Essa legislação propõe um freio necessário", afirma a executiva.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), publicado em 2024, mostrou que 51% dos jovens de 16 a 24 anos já apostaram online. Desses, 24% disseram ter sido incentivados por influenciadores digitais — um dado que acende o alerta sobre a influência da publicidade no comportamento juvenil.
Se aprovado na Câmara, o projeto proibirá campanhas de apostas com figuras públicas, incluindo atletas, artistas, apresentadores, influenciadores de grande alcance e autoridades. Também exigirá alertas explícitos sobre riscos de dependência e prejuízos financeiros, como já ocorre com o cigarro e o álcool.
Para Maria Priscila, o momento é uma chance de evolução. Ela defende que agências criem códigos de conduta e invistam em formação ética de criadores. "Visibilidade também é responsabilidade social", diz.
Com a restrição a celebridades, empresas de apostas deverão repensar suas estratégias. E o debate na Câmara tende a ampliar a reflexão sobre o impacto da influência digital no consumo juvenil.