A vacina SpiN-TEC, a primeira contra a Covid-19 desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais, avança para a última etapa antes da submissão para aprovação final pela Anvisa. Desenvolvida com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a iniciativa marca um feito inédito da ciência brasileira. Na última semana, a Universidade Federal de Minas Gerais anunciou a conclusão da fase 2 dos ensaios em humanos e o início da nova fase, prevista para começar no início de 2026.
"O desenvolvimento da vacina SpiN-TEC é um marco histórico. Pela primeira vez, o Brasil foi capaz de desenvolver uma vacina para uso em humanos com tecnologia totalmente nacional, desde a pesquisa até ensaios clínicos", destacou Thiago Moraes, coordenador-geral de Ciências da Saúde, Biotecnológicas e Agrárias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O MCTI investiu R$ 140 milhões no desenvolvimento da vacina, apoiando todas as etapas de testes. A vacina foi desenvolvida no CTVacinas/UFMG, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz em Minas Gerais, sob coordenação do professor Ricardo Gazzinelli, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG e da Fiocruz/MG. A nova fase de testes contará com voluntários de todas as regiões do País.
Ricardo Gazzinelli destacou os desafios enfrentados pela equipe. "Durante o desenvolvimento tivemos que montar laboratórios e formar uma equipe com um tipo de treinamento completamente diferente. Tivemos que recrutar pessoas da área de farmacotécnica, da área regulatória e garantia da qualidade", disse.
A SpiN-TEC se diferencia das vacinas atualmente disponíveis, que atuam principalmente pela produção de anticorpos que bloqueiam a entrada do vírus nas células. Com as mutações do vírus, essas vacinas podem perder eficácia. Já a SpiN-TEC adota prepara as células para que não sejam infectadas e, caso a infecção ocorra, a célula infectada é destruída. Essa abordagem mostrou-se mais eficaz contra variantes da Covid-19.
A vacina também apresenta vantagens logísticas, sua grande estabilidade em geladeira permite que ela seja transportada e armazenada em locais mais distantes. Assim como o baixo custo e a capacidade de produção nacional.