Por Isabela Palhares - Folhapress
O Brasil estagnou na redução do analfabetismo funcional e a condição atinge 29% da população de 15 a 64 anos. Esse é o mesmo patamar que o país tinha em 2018 e ainda um recuo em relação a 2009, quando alcançava 27% dos brasileiros.
O resultado é do Inaf (Indicador de Alfabetismo Funcional), estudo coordenado pela Ação Educativa e que teve início em 2001. Até 2009, o indicador seguiu em contínua queda na proporção de analfabetos funcionais no país, mas desde então segue praticamente inalterado.
O estudo entrevistou 2.544 pessoas em todas as regiões do país. As entrevistas foram feitas pessoalmente com a aplicação de testes com perguntas que refletem situações do cotidiano, em diferentes graus de dificuldade. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O indicador considera que o analfabetismo funcional pode ser dividido em dois níveis: absoluto e rudimentar.
Na última edição, 7% da população dessa faixa etária é considerada analfabeta absoluta, são aqueles que não conseguem ler palavras ou um número de telefone. Outros 22% ficam no nível de alfabetismo rudimentar, que é quando sabem ler e escrever, mas têm dificuldade para entender textos mais longos ou fazer contas com números maiores.
"A alfabetização é um processo contínuo, por isso, consideramos que existem níveis de proficiência dentro dele. É bastante preocupante que a proporção de jovens e adultos brasileiros no analfabetismo funcional esteja estática há tanto tempo. De 2018 para cá, não houve avanço", diz Ana Lima, coordenadora do estudo.
O estudo indica que a maioria dos analfabetos funcionais são pessoas mais velhas, 65% deles têm entre 40 e 64 anos. Mas há ainda uma proporção significativa entre os jovens de 15 e 29 anos e com os que têm entre 30 e 39 anos, ambos com 17%.
Os dados também indicam uma transformação no cenário educacional brasileiro. Para os pesquisadores, a queda do analfabetismo funcional nos primeiros anos do indicador são reflexo da ampliação do acesso ao ensino fundamental e médio e a ampliação de jovens que concluem a educação básica. No entanto, a estagnação do indicador nos últimos anos reflete a baixa qualidade da educação.