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María Corina Machado diz que fará todo o possível para voltar à Venezuela com o Nobel da Paz

Um dia após desafiar o regime de Nicolás Maduro ao sair da clandestinidade e chegar à Noruega, María Corina Machado afirmou nesta quinta-feira (11) que fará "todo o possível" para retornar à Venezuela com o Prêmio Nobel da Paz.

"Vim receber o prêmio em nome do povo venezuelano e o levarei de volta à Venezuela no momento correto", afirmou a opositora de 58 anos a jornalistas em Oslo.

"Não direi quando nem como isso acontecerá, mas farei todo o possível para poder voltar e também para acabar com esta tirania muito em breve", disse ainda, acrescentando que está "muito esperançosa" de que a Venezuela será livre em breve.

"Nós vamos transformar o país em um lugar de esperança, uma oportunidade de democracia. E nós vamos acolher não somente os venezuelanos que foram forçados a fugir, mas cidadãos de todo o mundo."

María Corina, que estava acompanhada do primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, também agradeceu aos "homens e mulheres que arriscaram suas vidas" para que ela pudesse viajar, após mais de um ano na clandestinidade. "Anseio pelo dia que vamos [poder] receber todos vocês em um país iluminado, democrático e livre - e isso será em breve", afirmou.

A líder da oposição venezuelana havia planejado chegar à capital norueguesa para a cerimônia de premiação do Nobel da Paz na manha de quarta-feira (10), mas precisou ser representada pela filha Ana Corina Sosa Machado devido a atrasos na viagem.

Na noite de quarta, já madrugada de quinta na Noruega, María Corina acenou ao público em frente ao Grand Hotel, local de alojamento habitual dos ganhadores do Nobel na capital norueguesa. A opositora apareceu na varanda central do prédio, cantou o hino venezuelano e saudou "viva a Venezuela!". Momentos depois, saiu do hotel e cumprimentou apoiadores na rua.

A opositora apareceu na varanda central do prédio, cantou o hino venezuelano e saudou "viva a Venezuela!". Momentos depois, saiu do hotel e cumprimentou apoiadores na rua.

O paradeiro da líder da oposição era desconhecido desde janeiro. A ditadura venezuelana proibiu formalmente que ela saísse do país. Nesta quinta, María Corina cumpre uma série de agendas, incluindo uma visita ao Parlamento.

Ela recebeu o Nobel da Paz em 10 de outubro "por seu incansável trabalho em favor dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua luta por uma transição justa e pacífica da ditadura à democracia" no país, segundo a organização.

A opositora mantém proximidade com setores alinhados ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusam Maduro de envolvimento com organizações criminosas que representariam ameaça direta à segurança nacional americana - posição questionada por setores da inteligência de Washington. Ao receber o anúncio da premiação, em outubro, ela dedicou parte do reconhecimento a Trump.

A premiação ocorre, inclusive, em meio a uma escalada na tensão militar entre Venezuela e EUA. As Forças Armadas americanas capturaram um petroleiro em águas próximas à costa do país sul-americano na quarta.

Segundo a imprensa dos EUA, trata-se do petroleiro Skipper, de bandeira da Guiana. Plataformas de rastreamento apontam que a última viagem da embarcação foi entre o porto de Basra, no Iraque, e Georgetown, capital guianense.

A Venezuela, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, tem uma economia dependente de exportações dessa commodity.

Em resposta, Maduro afirmou em comunicado que a Venezuela "exige o fim da intervenção brutal e ilegal dos Estados Unidos" no país. Trump, questionado sobre o que aconteceria com o navio e sua carga de petróleo venezuelano, respondeu: "Acho que vai ficar conosco".