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Um ano após a lei marcial, Coreia do Sul vê polarização crescer

Um ano após a declaração de lei marcial na Coreia do Sul, o país se vê diante do aumento da polarização política e de movimentos que pedem ruptura democrática, enquanto traz lições de resiliência popular e institucional. Em 3 de dezembro de 2024, em um anúncio televisionado no fim daquela noite, o então presidente Yoon Suk Yeol decretou a lei marcial, uma medida excepcional que restringe atividades políticas e liberdades civis. A decisão levou o Exército para as ruas e incitou protestos contrários à medida.

Em poucas horas, porém, o decreto foi derrubado por uma votação unânime na Assembleia Nacional, e o movimento ficou conhecido como um arroubo autoritário de um governo que, sem apoio parlamentar, quis manter-se no poder com medidas consideradas antidemocráticas.

Hoje, após a declaração e a queda da lei marcial, assim como a prisão do ex-presidente Yoon, a Coreia do Sul também é palco de manifestações que pedem a liberdade do político, a saída do presidente em exercício, Lee Jae-myung, e o fim da suposta influência comunista no país, em uma trama que começa a se alinhar àquelas vistas em democracias em crise.

Na manhã de quarta (3) na Coreia do Sul, Lee disse em pronunciamento televisionado acreditar que a população sul-coreana merece o Nobel da paz por superar a ameaça à democracia. "Mas o trabalho de faxina depois da lei marcial não terminou: devemos punir os culpados", afirmou o presidente. "Não podemos permitir que gerações futuras atravessem crise semelhante."

Em cerca de uma semana na Coreia do Sul, a reportagem presenciou protestos na capital do país, Seul, na cidade litorânea de Busan e em Gyeongju, onde também ocorria a cúpula da Apec (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, em português). Na manifestação ocorrida às margens das reuniões, que contou com a participação do presidente americano, Donald Trump, os participantes pediam a libertação de Yoon, a prisão de Lee e a ajuda dos Estados Unidos para acabar com a suposta influência comunista.

Por Victoria Damasceno (Folhapress)