Por Victor Lacombe (Folhapress)
O presidente Donald Trump disse nesta terça-feira (2) que qualquer país que envie drogas aos Estados Unidos está sujeito a ataques das Forças Armadas americanas, não apenas a Venezuela. A fala vem em meio à campanha militar dos EUA nas águas da América Latina, ação com o objetivo explícito de combater o tráfico de drogas na região e o implícito de pressionar o ditador Nicolás Maduro a deixar o poder.
"Se eles [traficantes] vierem de certo país, ou de qualquer país, ou se nós acharmos que eles estão construíndo locais de produção de cocaína ou fentanil, como a Colômbia, que faz muita cocaína... e nós gostamos muito disso", disse Trump, em tom irônico. "De qualquer forma, qualquer um que faça isso e venda no nosso país está sujeito a ataques."
Em seguida, um repórter pergunta para Trump: "Não necessariamente só a Venezuela?", ao que o presidente responde: "Não só a Venezuela. A Venezuela tem sido muito ruim para nós, mandaram assassinos para nosso país, esvaziaram suas cadeias no nosso país", afirmou, em referência ao fluxo migratório de venezuelanos em direção aos EUA.
Antes disso, o republicano disse que pretende ordenar ataques contra traficantes "onde eles moram" muito em breve, aumentando a especulação de que os EUA podem bombardear território Venezuelano diretamente -o equivalente a uma declaração de guerra.
Ao longo da conversa com a imprensa em Washington, Trump buscou ainda proteger seu secretário de Defesa, Pete Hegseth. O chefe do Pentágono está sob intensa pressão depois das revelações de que teria dado a ordem de "matar todos" em um dos ataques no Caribe contra embarcações que os EUA afirmam, sem apresentar provas concretas, se tratarem de barcos carregando drogas.
Uma ordem do tipo seria um crime de guerra, uma vez que o direito internacional não considera legítimos ataques contra combatentes que não representam perigo iminente -a menos que haja uma situação de guerra declarada, o que não é o caso. Para se proteger juridicamente, o governo Trump classificou grupos narcotraficantes da América Latina de terroristas, argumentando que pode agir contra eles da mesma forma que os EUA agem contra grupos radicais no Oriente Médio.