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Putin diz que está pronto para a guerra

O presidente Vladimir Putin voltou suas baterias para os aliados de Kiev no continente europeu. "Se a Europa quiser lutar conosco de repente, estamos prontos agora mesmo", afirmou.

O líder russo falava a jornalistas e a uma plateia de empresários num evento em Moscou, enquanto o negociador Steve Witkoff e o genro de Trump Jared Kushner esperavam para encontrá-lo no Kremlin.

Putin ainda disse que os europeus seriam derrotados e "não sobraria ninguém" para negociar uma eventual paz. Os comentários foram feitos a um repórter que o questionou acerca de uma fala do chanceler húngaro sobre o risco de um conflito com Moscou.

O presidente também se queixava das mudanças sugeridas pelos europeus no plano de paz que havia sido desenhado por Witkoff e o negociador russo Kirill Dmitriev, que era francamente favorável ao Kremlin, apesar de o presidente ter negado sua paternidade.

Entre elas estavam deixar em aberto a possibilidade da entrada da Ucrânia na aliança ocidental Otan e o não reconhecimento internacional dos cerca de 20% do território ucraniano que Putin ocupa.

As demandas, disse, são "absolutamente inaceitáveis" e visam sabotar as negociações. Ele voltou a dizer que a Rússia não quer entrar em conflito com a Europa, mas mudou o tom ao dizer que está pronto para isso.

Com isso, aumenta a pressão sobre os aliados de Kiev, buscando alinhamento direto com Trump e buscando pintar a Europa como adversária de ambos. Na visão russa, os europeus querem a continuidade da guerra para minar Moscou, o que por óbvio eles negam.

O discurso belicista europeu vem crescendo desde que Putin atacou a Ucrânia, com um movimento de rearmamento em curso. O problema disso é o tempo, dado que até aqui a Europa contava com o que considerava proteção automática dos Estados Unidos, algo que o republicano não parece disposto a fornecer.

Com isso, diversos governos europeus já preveem algum tipo de conflito, senão uma guerra aberta, com a Rússia até 2030. Na elite moscovita, isso é visto por alguns como algo que pode acontecer antes do fim do mandato de Trump, em janeiro de 2029.

Por Igor Gielow (Folhapress)