Por:

Clima pode deslocar países inteiros

A OIM (agência de migração da ONU) estuda como ajudar países a gerenciar a soberania, a identidade e a cultura de países que precisarão abandonar os próprios territórios devido à mudança climática, afirma a vice-diretora-geral da agência, a nigeriana Ugochi Daniels.

"Será uma nova experiência para o mundo: um país inteiro ter que se mudar para outro país", diz ela à Folha de S.Paulo, durante a COP30.

Em 2024, por exemplo, a nação insular de Tuvalu, na Polinésia, assinou um acordo com a Austrália, que permite que os seus 11 mil habitantes tenham direito à residência permanente no novo país. Especialistas temem que o arquipélago possa ficar completamente submerso em cem anos.

"Estamos vendo lugares se tornando desertos, o que chamamos de desertificação, bem como o aumento do nível do mar. No norte da Nigéria, temos o lago Chade, que fornece sustento para milhões de pessoas e já perdeu 90% de seu tamanho", afirma Daniels, acrescentando que a crise climática tem moldado como acontece a migração no mundo.

No momento, afirma a nigeriana, apesar da previsão de mudança de países, a forma mais comum de deslocamento devido aos efeitos climáticos ocorre dentro dos próprios territórios. Apenas no último ano, segundo a agência, houve 46 milhões de deslocamentos em decorrência de eventos climáticos - o maior número já registrado. O número considera mudanças tanto mudanças temporárias quanto permanentes, internas e externas.

O movimento acontece quando eventos climáticos extremos pegam os países de surpresa, como o tornado que atingiu o estado do Paraná no início deste mês e destruiu a cidade de Rio Bonito do Iguaçu.

Apesar disso, afirma Daniels, a maioria dos governos destina menos de 1% de seus orçamentos à prevenção de desastres. A agência pleiteia na COP30 financiamento climático direto a comunidades mais vulneráveis, incluindo migrantes, e a inclusão de mobilidade urbana na agenda de adaptação.

Por Geovana Oliveira (Folhapress)