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Ucrânia quer compensação ambiental

A Ucrânia anunciou na terça (18), em Belém, que irá pleitear US$ 43 bilhões (R$ 222,6 bilhões) de compensação ambiental da Rússia depois que o conflito terminar. Inédita, a reparação toca em um ponto cego das negociações climáticas, o que fazer com as emissões vindas das guerras.

"De muitas maneiras, a Rússia está travando uma guerra suja, e nosso clima também é vítima. As enormes quantidades de combustível queimado, florestas devastadas, edifícios destruídos, concreto e aço utilizados, todas essas coisas são essencialmente 'carbono de conflito' e têm um custo climático considerável", declarou Pavlo Kartashov, vice-ministro de Economia, Meio Ambiente e Agricultura da Ucrânia. A delegação do país participa da COP30 e usa a conferência para denunciar a invasão, iniciada em 2022.

O cálculo da indenização segue valores de mercado a partir do volume de emissões estimado por uma iniciativa criada na Ucrânia para esse fim. O IGGAW, na sigla em inglês, é bancado por recursos próprios e tem apoio de Alemanha, Suécia e da Comissão Europeia de Meio Ambiente.

Segundo o órgão, a guerra já provocou 236,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono, entre o conflito e suas consequências. Militares de ambos os lados já utilizaram 18 milhões de toneladas de combustível, queimaram 1,3 milhões de hectares de campos e florestas, explodiram centenas de instalações de petróleo e gás. Um terço das emissões foi provocado por incêndios, ataques à estruturas de energia, deslocamento de civis e danos à aviação comercial.

Foram empregadas ainda enormes quantidades de aço e cimento para fortificar centenas de quilômetros de linhas de frente. O cálculo ucraniano também inclui o que precisa ser encomendado para a reconstrução do país, dentro de um plano que segue padrões ambientais da União Europeia.

Por José Henrique Mariante (Folhapress)