Por Igor Gielow (Folhapress)
A Rússia criticou nesta quinta-feira (23) a imposição de sanções a seu setor petrolífero pelo governo de Donald Trump. O presidente Vladimir Putin afirmou que o país nunca cederá à pressão dos Estados Unidos ou de qualquer outra nação.
Ele chamou as sanções de um ato "pouco amigável" e acrescentou que haverá "certas consequências". O russo disse ainda que as punições são uma "tentativa de pressionar" o seu governo, mas que "nenhum país que se respeite e nenhum povo que se respeite jamais toma qualquer decisão sob pressão".
Para a chancelaria, a medida é contraproducente, enquanto a linha-dura do país a chamou de "declaração de guerra". As punições, anunciadas na quinta (22), são as primeiras tomadas neste mandato do republicano, que até aqui apostava na via de negociação para acabar com a Guerra da Ucrânia. Agora, cancelou uma cúpula com Vladimir Putin e disse que "sentiu ser hora de sanções".
É mais uma mudança na condução americana em relação à guerra, após o cavalo de pau dado por Trump ao assumir, em janeiro. Após quase três anos de relações praticamente rompidas com Moscou, o americano aproximou-se de Putin, iniciando um vaivém que agora chegou a um ponto de inflexão.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que as sanções são "extremamente contraproducentes" e repetem o padrão da gestão de Joe Biden, antecessor de Trump, que para ela fracassaram.
Trump e a nota do Departamento do Tesouro sobre o caso foram explícitos ao dizer que a medida visa forçar Putin a encerrar a guerra. No governo Biden, diversas sanções foram aplicadas à economia e a indivíduos russos, mas o republicano até aqui evitava isso.
"Nós precisamos de uma configuração de soluções negociadas que eliminem as raízes do conflito e garantam uma paz confiável", disse Zakharova, que reafirmou os termos russos: concessão total dos territórios que anexou ilegalmente em 2022 e ainda não controla e neutralidade militar da Ucrânia, entre outros.
A linha-dura russa não foi tão diplomática, como seria esperado.
Seu expoente público mais vocal, o ex-presidente Dmitri Medvedev, afirmou que "as decisões tomadas são um ato de guerra contra a Rússia, e agora Trump se alinhou totalmente com a Europa maluca", em referência à posição mais dura de líderes continentais ante Moscou.
"Os Estados Unidos são nossos adversários, e o falante 'pacificador' deles agora embarcou totalmente em um caminho de guerra com a Rússia", disse Medvedev, número 2 do Conselho de Segurança do país, no Telegram.