Por Victoria Damasceno (Folhapress)
A conservadora Sanae Takaichi, 64, foi eleita primeira-ministra do Japão pelo Parlamento do país e, assim, se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo. A líder do Partido Liberal-Democrata (PLD) foi confirmada nesta terça-feira (21), após um período de instabilidade política e de ganhar uma eleição partidária em que concorria com veteranos do partido, todos homens.
Takaichi consolida a trajetória de mais de sete décadas da sigla à frente do governo japonês. Sua ascensão ao cargo ocorreu após receber 237 votos na Câmara Baixa, superando a maioria dos 465 assentos.
Conhecida por ser linha-dura, sua eleição é lida como fortalecimento da ala mais à direita do partido, significativa em sua base. Seu objetivo, disse durante a campanha eleitoral, é se tornar a dama de ferro do Japão, em alusão à primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1925-2013), por quem nutre admiração.
Agora, Takaichi carrega o desafio de melhorar a economia japonesa, a quarta maior do mundo, que anda aos solavancos, além de reconstruir um partido que passou por algumas de suas piores crises no último ano.
A nacionalista chega ao poder em um momento em que o Japão vê crescer o número de imigrantes, o que, segundo Takaichi, deixa os japoneses "à flor da pele". Ponderando o turismo e a necessidade de trabalhadores do exterior, a nova primeira-ministra afirmou que uma imigração precipitada poderia criar clima hostil na sociedade japonesa e que a revisão das políticas seria necessária para "viver em paz" com os estrangeiros.
Apesar do fascínio por Thatcher, ao menos parte das principais propostas da japonesa se distancia daquelas defendidas pela britânica. Ex-ministra da Segurança Econômica, ela mira uma política fiscal mais frouxa para combater o alto custo de vida, além de investimentos estatais maciços em áreas-chave para promover a segurança econômica. Takaichi está aberta ao endividamento controlado e quer mais gasto público em ciência e tecnologia e outros setores considerados importantes, como produção de alimentos e infraestrutura.
Entre suas promessas está também a de garantir paridade de gênero no alto escalão da política. A nova líder disse que o governo e o comitê executivo do partido terão "mulheres em uma proporção comparável à dos países nórdicos", mas nomeou apenas duas mulheres para o gabinete de ministros.
Takaichi foi contrária a reformas relacionadas aos direitos das mulheres e fez campanha a favor da manutenção da lei que exige que homens e mulheres tenham o mesmo sobrenome.