Por Guilherme Botacini (Folhapress)
O Exército de Israel lançou nova ofensiva em Gaza, neste domingo (19), após acusar o Hamas de atacar tropas em área de recuo dos militares prevista no cessar-fogo, mediado pelo presidente americano Donald Trump e aliados. A retomada da violência no território palestino pode dinamitar a trégua, que mira uma difícil paz duradoura na região apesar dos vários pontos de discordância pendentes.
"Hoje, terroristas dispararam um míssil antitanque e tiros de armas leves contra tropas das Forças de Defesa de Israel que operavam para desmantelar infraestrutura terrorista na área de Rafah, segundo o acordo de cessar-fogo. Em resposta, as Forças de Defesa de Israel iniciaram uma investida na área a fim de eliminar a ameaça e desmantelar estruturas militares utilizadas para atividades terroristas", diz o Exército em nota, que chamou as ações da facção de "violação flagrante" do acordo.
O gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, ordenou "firme ação contra alvos terroristas na Faixa de Gaza", após o que também classificou como violação do cessar-fogo pelo Hamas.
O alto funcionário do grupo, Izzat al-Risheq, acusou Israel de estar violando o acordo repetidamente, e afirmou que a facção permanecia comprometida com o cessar-fogo. Risheq não mencionou novos ataques em Gaza.
Mais tarde, o braço militar da facção afirmou que não estava ciente de qualquer incidente em Rafah e negou participação em ataques a tropas israelenses.
O gabinete de mídia do território, controlado pelo Hamas, disse no sábado que Israel havia cometido 47 violações após o cessar-fogo, deixando um total de 38 mortos e 143 feridos.
Itamar Ben-Gvir, ministro de extrema direita do governo de Netanyhu, exigiu retomada total da ofensiva em Gaza após os ataques a tropas. "A crença falsa de que o Hamas vai mudar, ou mesmo respeitar o acordo assinado, está se provando, sem surpresas, perigosa para nossa segurança", disse.
A ação renovada de Israel, se confirmada, coloca em risco o acordo de cessar-fogo, em vigor desde o último dia 10, durante momento de discordâncias sobre a devolução dos corpos de reféns israelenses. Tel Aviv diz que os 16 corpos restantes já poderiam ter sido entregues pelo Hamas, e insiste que a facção atrasa a devolução propositalmente.
O Hamas devolveu todos os 20 reféns vivos e 12 dos mortos, mas disse que o processo precisa de esforço e equipamento especial para recuperar corpos enterrados sob escombros.