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OTAN vê ensaio para guerra

Por Igor Gielow (Folhapress)

As Marinhas da Rússia e da China fizeram na quarta (27), pela primeira vez, uma patrulha conjunta com submarinos. A manobra ocorre após exercícios das duas Forças e uma missão também inédita com diversas embarcações dos aliados.

Ao mesmo tempo, o secretário-geral da Otan, o holandês Mark Rutte, afirmou que os dois países "se preparam para nos confrontar" e que a aliança militar ocidental precisa se preparar para a "expansão da indústria de defesa" de Moscou e Pequim.

Os sinais trocados fazem parte de uma escalada que vem desde a guerra-relâmpago de 2008 em que o Kremlin garantiu a autonomia de áreas russófonas da Geórgia, impedindo na prática o acesso da pequena república ex-soviética à Otan.

Depois veio a anexação da Crimeia e a guerra civil no leste da Ucrânia, em 2014, pelo mesmo motivo, que é o "casus belli" principal de Vladimir Putin para a invasão total do vizinho em 2022. Vinte dias antes da ação, o russo encontrou-se com o líder chinês Xi Jinping e selou uma parceria estratégica.

Ela não é uma aliança militar formal, mas ambos os países passaram a intensificar suas patrulhas e exercícios conjuntos. Já a Otan, de lá para cá, achou uma razão de ser, mas isso entrou em suspenso com a volta de Donald Trump ao poder.

Rutte assumiu o clube neste ano com uma retórica militarista incisiva, e ganhou o ouvido de Trump ao prometer a meta de 5% do PIB com gastos de defesa para todos os 32 membros da aliança. Apesar de o republicano buscar um acordo e tratar Putin com admiração, ele mantém o envio de armas para Kiev, ainda que busque financiamento europeu para tal agora.

A patrulha ocorreu a leste do Japão e envolveu um número não revelado de submarinos de ataque com propulsão convencional, não nuclear. Antes, no começo do mês, os países haviam promovido a manobra anual, que ocorre desde 2020.

Nela, foram treinadas entre outras coisas caça e destruição de submarinos inimigos, em meio à atrapalhada ameaça feita por Trump contra a Rússia antes de acabar por se encontrar com Putin no Alasca, na sexta retrasada (18), para discutir a Guerra da Ucrânia.

O americano havia dito ter enviado dois submarinos nucleares para perto da Rússia, mas Moscou deu de ombros e ficou por isso. Depois, navios russos e chineses, além de aviões de patrulha e de combate, saíram uma missão conjunta a leste do Japão, algo inédito e que levou à manobra com submarinos.

"Estamos sendo agressivamente desafiados. China e Rússia estão expandindo suas forças e capacidades com pouca transparência, a um passo incrível. E não é só para mostrar em grandes paradas em Moscou e Pequim", disse Rutte em evento da empresa alemã Rheinmetall.