Por Igor Gielow (Folhapress)
Quase seis meses depois de ser humilhado publicamente no Salão Oval, o presidente Volodimir Zelenski voltou na segunda (18) à Casa Branca para ser recebido pelo presidente Donald Trump.
"Nós vamos parar essa guerra. A guerra vai acabar, esse senhor [Zelenski] quer, Vladimir Putin quer", afirmou o republicano na abertura do encontro.
Ao menos na sessão aberta a repórteres, no início da conversa, clima era de muita cordialidade, nada parecido com o bate-boca de 28 de fevereiro. "Muito obrigado pelos seus esforços", disse Zelenski, entre algumas brincadeiras sobre desta vez estar usando um terno, e não a roupa militar criticada antes por Trump. O ucraniano também agradeceu a primeira-dama Melania Trump por ter entregado uma carta a Putin na cúpula do Alasca.
Trump e Zelenski não entraram, em público, nas questões complexas à frente. O ucraniano só disse que precisava acabar com a guerra ao ser questionado sobre o fatiamento de seu país, proposto por Putin e já abraçado por Trump.
O americano, por sua vez, voltou a se defender ter recebido Putin em solo americano, objeto de diversas críticas. Questionado se havia abandonado mesmo a ideia de uma trégua imediata, como ficou evidente em Anchorage com Putin, Trump confirmou.
"Estrategicamente pode não ser bom para os dois lados. Eu não acho que seja necessário um cessar-fogo", disse, repetindo a retórica de Putin - até aqui, Zelenski defendia a trégua para depois conversar.
No Salão Oval estavam presentes os mesmos personagens de 172 dias atrás: o vice-presidente J.D. Vance, que foi ainda mais incisivo com Zelenski na outra ocasião, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o negociador Steve Witkoff. Todos, exceto o vice, estiveram com Putin na sexta.
Trump disse que "em uma ou duas semanas" será possível dizer se o esforço liderado por ele para acabar com a Guerra da Ucrânia vai funcionar.
Se der certo, afirmou estar pronto para ajudar a Europa a dar garantias para que a Rússia não volte a invadir o vizinho. Por outro lado, voltou a dizer que haverá trocas territoriais, ou seja, perda para Kiev.
Na sequência da reunião, os dois receberam os líderes da Alemanha, França, Itália e Finlândia, além dos chefes da Otan e da Comissão Europeia, que já estavam na Casa Branca quando Zelenski chegou. O ucraniano queria que eles estivessem juntos desde o começo, para reforçar sua posição de tentar evitar ver seu país rifado pelo republicano, mas o americano rejeitou a ideia.