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Direitos humanos em pauta

Por Gabriel Barnabé (Folhapress)

O Departamento de Estado dos Estados Unidos publicou nesta terça-feira (12) relatórios em que afirma ter havido uma deterioração dos direitos humanos em países europeus e no Brasil no último ano. Ao mesmo tempo, diz que "não houve relatos confiáveis de abusos significativos dos direitos humanos" em El Salvador. Sobre Israel, o governo sintetiza drasticamente o relatório e sequer cita o premiê Binyamin Netanyahu.

Os documentos, publicados anualmente pela diplomacia americana com a situação de direitos humanos em uma série de países do mundo, citam uma piora tanto em países como Reino Unido, França e Alemanha quanto no Brasil, ao afirmar que o governo Lula (PT) reprimiu "o debate democrático" e a "expressão dos simpatizantes" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) —nas últimas semanas, Trump impôs tarifas comerciais ao Brasil apoiado também nesta narrativa.

Por outro lado, o relatório voltado a El Salvador ignora as acusações de violação de direitos no território salvadorenho —especialmente relatadas por imigrantes deportados pelos EUA—, e defende que "os relatos de violência de gangues permaneceram em um mínimo histórico sob o estado de exceção" graças às "prisões em massa" orquestradas pelo presidente Nayib Bukele.

Na última semana, trechos vazados destes documentos já haviam antecipado que o governo de Donald Trump pretendia reduzir drasticamente as críticas dos EUA a certos países com históricos extensos de abusos, como é o caso de El Salvador.

Na última publicação do tipo, realizada ainda sob a gestão do democrata Joe Biden, o departamento identificou "graves problemas de direitos humanos" em território salvadorenho, incluindo execuções sancionadas pelo governo, casos de tortura e "condições prisionais duras e com risco à vida".

Desde que assumiu a Presidência pela segunda vez, no entanto, Trump tem aproximado as relações com Bukele.

O relatório divulgado nesta terça tem um quarto do tamanho do documento equivalente no período anterior, publicado sob Biden. Mesmo com o histórico de denúncias, o novo texto afirma que "não houve mudanças significativas na situação dos direitos humanos em El Salvador durante o ano" e, além disso, "não houve relatos confiáveis de violações significativas dos direitos humanos".