O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou de forma sigilosa uma diretriz que autoriza o Pentágono a empregar militares em ações contra determinados cartéis de drogas da América Latina classificados por sua administração de organizações terroristas, segundo autoridades próximas à discussão ouvidas pelo jornal The New York Times.
A medida é uma das mais agressivas escaladas do governo republicano na guerra às drogas, uma vez que amplia o papel das Forças Armadas em funções tradicionalmente atribuídas a agentes de aplicação da lei —forças policiais, no geral. Entre os objetivos, está conter o fluxo de fentanil —responsável por uma crise de opioides no país— e outras drogas ilegais.
Ainda não está claro como e quando essa autorização pode ser aplicada, mas a nova diretriz de Trump parece visar, segundo o jornal americano, uma abordagem opressiva de capturar ou matar pessoas diretamente envolvidas no tráfico. Especialistas ouvidos pelo jornal afirmam que a medida ainda deve gerar questionamentos jurídicos, especialmente se envolver expressamente o uso letal da força fora de conflitos armados autorizados pelo Congresso —como seria o caso em territórios dominados pelos carteis.
Segundo as autoridades, líderes militares americanos já avaliam cenários para eventuais ações, embora não haja confirmação de planos concretos ou datas. A diretriz é parte de um conjunto de iniciativas adotadas por Trump desde o início de seu segundo mandato, quando determinou que o Departamento de Estado classificasse formalmente alguns dos cartéis latino-americanos como organizações terroristas estrangeiras —entre eles o Tren de Aragua e o MS-13. Há também um movimento para que facções brasileiras, como o PCC e o CV, recebam essa classificação.
A nova medida abre espaço para a possibilidade de captura ou neutralização direta de alvos, o que especialistas em direito internacional alertam poder configurar violação de normas globais.
Por Gabriel Barnabé (Folhapress)