A cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, que deverá ocorrer nos Emirados Árabes Unidos na semana que vem, será o sétimo encontro pessoal conhecido entre dois líderes notórios por sua tendência a torcer a história em seu favor. Nunca houve tanto em jogo, contudo. Os presidentes querem, a seu modo, modular o fim da Guerra da Ucrânia, o mais importante conflito entre Estados do século 21 em termos de impacto geopolítico.
Será também apenas a segunda cúpula entre os líderes, e a primeira entre um titular da Casa Branca e Putin desde que o russo e Joe Biden concordaram em discordar de vários temas numa conversa qualificada por quem a assistiu de muito franca em Genebra, no distante junho de 2021.
A primeira cúpula ocorreu um dia após a final da Copa de 2018, que Putin recebeu na Rússia com grande fanfarra. Em 16 de julho daquele ano, ele e Trump passaram mais de duas horas conversando só com intérpretes, e outro tanto em reuniões ampliadas em Helsinque.
Uma diferença importante é que a proximidade entre Putin e a China de Xi Jinping de antes agora é uma aliança estratégica, e Pequim é alvo real de toda a movimentação geopolítica de Trump. Em Moscou, muitos suspeitam que o namoro inicial do republicano com o russo visava afastar Putin dos chineses.
O líder do Kremlin não mordeu a isca e, quando Trump ameaçou a Rússia com submarinos nucleares na semana passada, sua resposta foi fazer exercícios navais conjuntos com a China perto do Japão.
A acusação nunca provada de fato de interferência no pleito de 2016 voltou à tona quando Trump aproximou-se de Putin para tentar chegar a uma trégua na Ucrânia. Agora, com o americano pressionando o russo, um novo capítulo se desenha.
Por Igor Gielow (Folhapress)