Por:

Israel nega a fome em Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira (28) não estar convencido de que não há fome na Faixa de Gaza, como sustenta seu aliado Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel.

A declaração se refere a uma fala do premiê no último domingo (27), quando ele disse que a acusação de que Tel Aviv levou Gaza a uma situação de fome era "uma mentira descarada". "Não há política de fome em Gaza e não há fome em Gaza", afirmou em uma conferência cristã em Jerusalém, a despeito dos relatos e imagens de pessoas desnutridas no território.

Netanyahu ainda acrescentou que Israel possibilitou a entrada da quantidade exigida pelo direito internacional de ajuda humanitária e voltou a acusar o Hamas de roubar suprimentos. O grupo terrorista nega a acusação, e um relatório produzido em junho pela Usaid, a agência de ajuda externa americana, constatou que não há provas de roubo sistemático de comida pela facção.

"Com base na televisão, eu diria que não [estou convencido], porque essas crianças parecem estar com muita fome", afirmou Trump nesta segunda em seu campo de golfe em Turnberry, na Escócia, ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. "Há muitas pessoas passando fome em Gaza."

O republicano afirmou ainda que trabalharia com outros países para criar centros de alimentação sem cercas ou limites e que a prioridade número um era alimentar as pessoas. As operações da Fundação Humanitária de Gaza, nas quais centenas de palestinos foram mortos a tiros desde maio, segundo a ONU, receberam o apoio dos EUA.

O premiê britânico, por sua vez, descreveu a situação humanitária em Gaza como "absolutamente intolerável" e afirmou que a ajuda alimentar precisa ser enviada rapidamente. "Precisamos mobilizar outros países para apoiar a chegada dessa ajuda, e, sim, isso envolve pressionar Israel, porque é uma catástrofe humanitária absoluta", afirmou.

Em meio às acusações, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou, também nesta segunda, que a fome nunca deve ser usada como arma de guerra, referindo-se a Gaza.

No domingo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a desnutrição em Gaza está atingindo "níveis alarmantes", com um "pico de mortes em julho". Das 74 mortes relacionadas à desnutrição registradas em 2025, 63 ocorreram neste mês, incluindo 24 crianças menores de cinco anos, uma criança maior de cinco anos e 38 adultos, disse a agência.