Por Igor Gielow (Folhapress)
Cinco meses após promover uma reversão na política americana para a Guerra da Ucrânia e aproximar-se de Vladimir Putin, Donald Trump anunciou nesta segunda (14) um ultimato ao presidente russo: ou ele acerta uma trégua com Kiev em até 50 dias ou Moscou será alvo de novas e duras sanções econômicas, que poderão atingir até o Brasil.
Além disso, Trump confirmou a retomada do envio de sistemas de defesa aérea para os ucranianos, dizendo que a conta será paga pela Otan. O secretário-geral da aliança militar ocidental, o holandês Mark Rutte, estava a seu lado na Casa Branca durante o anúncio.
Com isso, Trump dá um basta a Putin, que vinha exasperando o americano por sua resistência em aderir a um cessar-fogo imediato no conflito iniciado pelo Kremlin em 2022. Ele já conversou cinco vezes diretamente com o russo sobre o conflito desde que assumiu. "Nos falamos bastante", disse.
O republicano falou em "tarifas severas", especificando que seriam secundárias. Ou seja, atingiriam aqueles que fazem negócios com os russos. Ele não citou o Brasil, com quem está em aberta guerra tarifária, mas o país é grande comprador de óleo diesel de Putin, por exemplo.
"Tarifas secundárias são muito poderosas. Espero que dê certo", disse Trump, citando taxas de até 100% -menos que os 500% propostos em um projeto que tramita no Congresso americano.
A Rússia está sob sanções ocidentais desde a invasão do vizinho, e no comércio bilateral com os EUA há pouco que Trump possa fazer na prática -o volume foi reduzido a residuais US$ 3 bilhões em 2024.
Mas o impacto sobre empresas e bancos que lidam com os russos é potencialmente enorme. Além do Brasil, também China e Índia são grandes clientes de hidrocarbonetos de Moscou. Em comum, todos os países são do Brics, bloco que virou alvo de críticas e ameaças de tarifas de Trump durante sua cúpula no Rio de Janeiro, na semana passada.
A Rússia temia que Trump fosse anunciar o envio de armas ofensivas, como mísseis de longa distância capazes de colocar bases de Putin sob risco -hoje, Kiev as alveja com drones, com maior ou menor sucesso. Isso não se concretizou até aqui. No Kremlin, a linha oficial antes do anúncio foi de frieza ante um fato consumado, mas segundo pessoas próximas do centro do poder em Moscou não há uma certeza líquida de rompimento.