As negociações por um cessar-fogo na Faixa de Gaza chegaram ao terceiro dia sem grandes avanços. As conversas foram retomadas nesta terça-feira (8), um dia após um encontro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Washington.
Ainda que as negociações entre Tel Aviv e Hamas enfrentem obstáculos, existem chances de que as partes cheguem a um acordo, embora isso possa levar alguns dias, segundo autoridades israelenses disseram à agência de notícias Reuters. Já o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Qatar afirmou que as negociações "vão precisar de tempo".
As tratativas começaram no domingo (6) em Doha, mas esbarraram nas mesmas divergências que têm impedido uma trégua duradoura no conflito, que completou 21 meses na segunda (7) - entre elas, a questão sobre a futura gestão do território palestino.
O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, que desempenhou um papel importante na elaboração da proposta de cessar-fogo, viajará a Doha para participar da mesa de negociação, segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.
A proposta dos EUA, segundo os palestinos que falaram com a agência de notícias AFP, prevê uma trégua de 60 dias na qual o Hamas libertaria dez reféns israelenses vivos e entregaria vários corpos de sequestrados no atentado de 7 de outubro de 2023. Em troca, Tel Aviv determinaria a soltura de palestinos detidos em Israel.
O Hamas, no entanto, exige garantias para o cessar-fogo, incluindo a interrupção dos combates durante as negociações e o retorno do sistema de distribuição de ajuda administrado pela ONU - no novo modelo, apoiado por Israel e EUA, mais de 600 palestinos já foram mortos nos arredores dos centros de entrega de alimentos, possivelmente por tiros de soldados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.
O ministro israelense Zeev Elkin, integrante do gabinete de segurança de Netanyahu, afirmou nesta terça que há "uma chance real" de cessar-fogo. "O Hamas quer mudar alguns pontos centrais. Não é simples, mas estamos avançando", disse ele à emissora pública Kan.