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Conflitos e os impactos na logística

O setor de logística marítima vive um dos momentos mais desafiadores dos últimos anos. A escalada do confronto entre Israel e Irã, somando-se à guerra entre Israel e o Hamas e à prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia, têm redesenhado as rotas comerciais globais e imposto novos riscos e custos às operações de transporte marítimo. Os efeitos já se fazem sentir de forma significativa, sobretudo no preço do barril do petróleo, na elevação do custo dos fretes e no aumento da insegurança em regiões estratégicas.

Para Claudio Cazeiro, CEO da Logical, operadora de logística internacional, os conflitos afetam principalmente o tempo para transportar a carga: "os conflitos mundiais impactam o Brasil principalmente no aumento do tempo de trânsito de cargas, especialmente da China. Isso ocorre por rotas mais longas para evitar áreas de conflito e pelo congestionamento em portos de transbordo. O aumento no tempo de entrega varia de 5 a 15 dias", revela.

Mariana Cazeiro, overseas business development manager da Logical, explicou que o conflito impactou em alguns prazos que já estavam em andamento antes do agravamento dos conflitos, que precisaram aumentar. Ela ainda salientou que a maior dificuldade do setor é na rota que leva cargas da China para a Europa.

Segundo analistas de comércio exterior, a somatória desses conflitos gera um efeito dominó. As sanções econômicas impostas à Rússia e o risco de novas sanções ao Irã afetam diretamente os fluxos de comércio de petróleo, gás e grãos. Em resposta, transportadoras têm repassado os custos logísticos às mercadorias transportadas, com impacto direto sobre os preços ao consumidor e aumento da inflação global.

Além disso, a atuação em áreas de conflito tornou-se extremamente arriscada. A contratação de seguros para embarcações que passam por zonas de guerra está mais cara e, em alguns casos, indisponível.

A situação exige uma resposta coordenada das organizações internacionais e atenção redobrada das empresas que operam no comércio global. A instabilidade geopolítica atual já não é mais uma variável eventual, mas um fator permanente a ser considerado nas estratégias de logística e segurança das cadeias de suprimento em todo o mundo.