O governo de Donald Trump informou à Universidade Harvard que sua investigação concluiu que a instituição violou a lei federal de direitos civis em relação ao tratamento dado a estudantes judeus e israelenses, informou o The Wall Street Journal na segunda (30). Uma carta endereçada ao reitor de Harvard, Alan Garber, afirma que a universidade tinha ciência sobre estudantes judeus e israelenses que diziam se sentir ameaçados no campus e, mesmo assim, agiu com indiferença deliberada.
O documento, ao qual o WSJ teve acesso, afirma que "a falha em instituir mudanças adequadas imediatamente resultará na perda de todos os recursos financeiros federais e continuará a afetar o relacionamento de Harvard com o governo federal". Ainda reitera que "Harvard pode, é claro, continuar a operar livre de privilégios federais, e talvez essa oportunidade estimule um compromisso com a excelência que ajudará Harvard a prosperar novamente".
Esse tipo de notificação é uma medida que, via de regra, pode preceder uma ação judicial movida pelo Departamento de Justiça ou, antes disso, um acordo de resolução voluntária da instituição. Em maio, o governo Trump comunicou algo semelhante à Universidade Columbia, também por suposto assédio a estudantes judeus e/ou israelenses.
Em janeiro deste ano, logo após a posse de Trump, Harvard se comprometeu a garantir proteção aos estudantes judeus em um acordo feito para encerrar dois processos judiciais que acusavam a instituição de se tornar um "foco de antissemitismo desenfreado".
No comunicado emitido à época, a universidade disse que adotaria a definição de antissemitismo proposta pela Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês) ao avaliar se determinada conduta desrespeita suas políticas antibullying e de não discriminação. A definição é alvo de questionamentos, contudo, segundo a União Americana pelas Liberdades Civis, tradicional organização de defesa dos direitos civis nos EUA, por seu caráter generalizante e por representar uma possível ameaça à liberdade de expressão ao equiparar, de maneira incorreta, críticas ao governo de Israel com antissemitismo.
Mesmo com essas ações, a gestão Trump bloqueou subsídios federais para Harvard no valor de US$ 3 bilhões. Ele também tentou bloquear a possibilidade da instituição matricular estudantes internacionais, além de ameaçar seu status de isenção fiscal. A universidade processou o governo por violação da Primeira Emenda da Constituição dos EUA.