Um grupo de quatro ex-soldados do Reino Unido reduziram a usual trilha de semanas ou meses até o pico do Everest a cinco dias. O recorde, batido nesta quarta-feira (21), se deve ao uso de xenônio, segundo um funcionário da expedição - estratégia que foi criticada entre alpinistas.
O gás favorece a produção de eritropoietina (EPO), um hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio no sangue, e melhora o desempenho dos alpinistas. Em muitos esportes recorrer à substância é considerado doping.
Parte da demora para alcançar o topo da montanha mais alta do mundo, na fronteira entre Nepal e China, decorre do período de adaptação a grandes altitudes que os alpinistas devem seguir. Escalar sem a devida aclimatação é extremamente perigoso à medida que eles entram na "zona da morte", acima de aproximadamente 8.100 metros, onde não há oxigênio suficiente para sustentar a vida.
Diante de condições tão extremas, os alpinistas ficam sujeitos à hipóxia aguda, que compromete seriamente a função cerebral. Para enfrentar esse desafio, Alastair Carns, secretário de Estado responsável por ex-combatentes, e seus companheiros - Garth Miller, Kevin Godlington e Anthony "Staz" Stazicker - se prepararam por meses.
O planejamento do quarteto britânico previa que toda a jornada, desde a saída de Londres até o retorno, passando pela logística com helicópteros até o Nepal e a escalada ao pico de 8.848 metros, durasse sete dias, com cerca de cinco dias dedicados à subida. A missão também visa arrecadar fundos para apoiar veteranos.
Antes da escalada, os britânicos inalaram o gás xenônio na Alemanha, no início de maio. Após cerca de 15 dias aguardando os efeitos, eles saíram da capital britânica na sexta-feira (16) e completaram a subida dentro do prazo previsto, segundo Lukas Furtenbach, da Furtenbach Adventures, empresa austríaca responsável pela expedição.
"O xenônio melhora a aclimatação e protege o corpo contra o mal de altitude e os efeitos do ambiente hipóxico", diz Furtenbach. Ele, que registrou quatro ascensões ao Everest, afirmou que o gás xenônio já era usado por guias, mas "é a primeira vez para clientes" ou alpinistas comuns.