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Cessar-fogo de última hora

Por Daniela Arcanjo (Folhapress)

Horas depois de chegarem muito perto de sua quarta guerra direta, Paquistão e Índia anunciaram um cessar-fogo no sábado (10), após quatro dias de combates matarem 66 pessoas de ambos os lados, segundo informações dos adversários históricos.

O que poderia trazer tranquilidade à região, no entanto, durou pouco, e os dois países agora se acusam de violar o acordo que fizeram horas antes.

Em entrevista coletiva, o secretário de Relações Exteriores da Índia, Vikram Misri, acusou o governo paquistanês de quebrar o acordo. "Nossas Forças Armadas estão dando uma resposta adequada e apropriada a essas violações", afirmou.

A diplomacia paquistanesa, por sua vez, disse que "permanece comprometida com a fiel implementação" do cessar-fogo acordado com a Índia" e que suas forças "estão lidando com a situação com responsabilidade e moderação". Depois, devolveu a acusação ao outro lado.

A confirmação do acordo inicial ocorreu depois de o presidente americano, Donald Trump, correr para anunciar a novidade em sua plataforma, a Truth Social. Segundo ele, a trégua foi alcançada após "uma longa noite de negociações mediadas pelos Estados Unidos". "Parabéns a ambos os países por usarem o bom senso", escreveu.

À Geo News, no entanto, o chanceler do Paquistão, Muhammad Ishaq Dar, afirmou que dezenas de países estavam envolvidos no esforço diplomático, colocando a trégua na conta de Arábia Saudita e Turquia, por exemplo, além dos EUA. Misri, o chefe da diplomacia de Nova Déli, disse que o acordo foi negociado entre o chefe de operações militares do Paquistão e seu correspondente indiano durante uma conversa telefônica. De acordo com ele, ambos se reunirão novamente na segunda-feira (12).

Para isso, porém, a trégua precisa durar até lá. A notícia do cessar-fogo foi recebida com alívio em ambos os lados da fronteira, e o Paquistão afirmou que seu espaço aéreo havia sido totalmente reaberto. Horas depois, no entanto, moradores e testemunhas da agência de notícias Reuters relataram ter ouvido explosões e visto projéteis e clarões no céu de Srinagar e Jammu, principais cidades da Caxemira indiana. As violações não são exatamente uma surpresa, levando em conta o grau de tensão na região nas últimas semanas.